terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Londres parte 1

No mês de novembro de 2014, eu estava crente que ficaria mais um ano na Irlanda. E para isso eu não poderia voltar para o Brasil, pois com o dinheiro do aéreo eu poderia pagar a minha renovação de visto e a compra de mais seis meses de curso de inglês.

Pois bem, com a melancolia de final de ano, e a saudade de casa batendo, eu vi na minha timeline do Facebook que uma amiga do Brasil estava vindo com a mãe para Europa passar o réveillon com o irmão que mora em Londres.

Passar datas comemorativas com amigos é muito bom, e amigos que te lembram família, casa e suas cidade natal, é melhor ainda.

Logo me convidei para passar o ano novo com a família da minha amiga e ainda de quebra conhecer Londres. E por educação minha amiga me acolheu. (Mentira, ela me acolheu com amor).

Voar de Dublin para Londres é como viajar de Foz para São Paulo. Pertinho.

Então, em uma manhã gelada de inverno, minha querida chefe madrugou as cinco da manhã para me levar até o aeroporto de Dublin.

Cheguei em Londres as Dez da manhã com duas malas, inclusive uma era bem grande, pois seguiria para o Brasil, e fui pegar o trem sentido centro.

Eu já havia estudado e desenhado todo o percurso que teria que fazer do aeroporto até o hostel.  Pois bem, começou então a aventura.

Peguei o primeiro trem que levou 50 minutos até a estação Liverpool Street, onde eu teria que carregar créditos no meu cartão Oyster, (cartão que permite andar de metro e ônibus por Londres fazendo economia), e seguir de metro para a estação Bank onde eu teria que fazer baldeação para linha preta.

Como eu sou toda perdida sem senso de direção, na Bank eu pedi informação para uma senhora árabe (usava véu) que estava com um casal de filhos. A senhora então não só me ajudou a achar a linha preta em direção a Elephant Castle como ainda carregou minha mala grande, e o filho dela a mala menor, por dois lances de escadas a baixo até a porta do meu vagão.

Eu fiquei extremamente grata e feliz pela simpatia e ajuda daquela família, para comigo, uma estranha perdida em Londres.

Chegando na estação que eu deveria emergir para a superfície, tive a sorte de seguir a minha intuição, adentrar em um elevador, e sair pela porta correta da estação que dava direto na rua do meu hostel.

Dali, eu deveria sempre virar ruas à esquerda. Fui então empurrando minhas malas até o Hostel Safestay Elephante Castel.

Fica a dica aqui de um excelente hostel em Londres. Bem localizado, na região de Waterloo, com café da manhã incluso, banheiros nos quartos, beliches com cortinas e luminárias particulares e um preço super bacana. E todas as noites rolava alguma festinha no bar. 






Cheguei no hostel, fiz o check in, guardei minhas mala, peguei um mapa de Londres, pedi informações na recepção e sai explorar a capital Britânica.

Claro que meu senso de direção é terrível, e apesar de ter um mapa em mãos ele não mostra a minha real localização. Mesmo assim eu preferi me aventurar a usar o mapa do celular, e não quis ir de ônibus. Resolvi fazer uma caminhada, que por sinal deveria durar no máximo 20 minutos até a Roda gigante, mas com as voltas que dei durou 40 minutos.

Em fim, avistei a London Eye em meio aos prédios e fui seguindo até ser só eu e ela. Na verdade o mundo inteiro estava lá também. A fila era gigantesca, e eu não tinha pretensão nenhuma de pagar para dar uma volta no brinquedo, então, sentei por uns vinte minutos em um dos granitos que cercam o local, e fiquei observando-a girar.

A London Eye é assustadoramente gigante. É incrivelmente linda.  E por lá se escutava de tudo, inglês, Frances, chinês, italiano, espanhol e claro, português do Brasil.

Fiquei a admirá-la até não aguentar mais de frio, fui então para a próxima atração. O Big bem.



Para chegar as proximidades do relógio, deve-se atravessar uma ponte, e eu juro que ela estava mais lotada que a ponte da Amizade - que liga o Brasil ao Paraguai - em pleno sábado antecedente ao natal.

Eu tive a sorte de pegar o tempo limpo com sol todos os dias que estive em Londres. E aquele cenário da London eye, Big bem e rio Tâmisa ao entardecer é Fantástico! Eu estava sozinha, mas extremamente feliz por estar vivendo aquele momento lindo.




Eu só iria encontrar minha amiga no dia seguinte. E como ainda eram só três da tarde, e não queria voltar para o hostel, resolvi seguir minha intuição e o fluxo de pessoas, assim fui parar no palácio Buckingham.

O Palácio é bonito, mas tem grades gigantescas, então os turistas todos se aglomeram aos redores dos portões para ficar tirando fotos. Confesso que não foi meu lugar preferido.





Eu queria ir na Primark, uma loja que vende produtos extremamente baratos, pois eu estava com muito frio, e meu casaco não estava dando conta, e eu também havia perdido a minha toca durante a caminhada.

Então já totalmente escuro as 5 da tarde, seguindo a minha intuição e o mapa de papel, fui parar na Oxford street.

Eu que achava que a Grafton de Dublin era minha rua preferida no mundo. Isso até conhecer a Oxford de Londres. É muito linda! Toda cheia de decorações, iluminação, shoppings infinitos, lojas cheias de promoções, infernalmente movimentada.




Cheguei então na Inglesa Primark conhecida também como Pennys na Irlanda.

Gastei mais de uma hora na loja procurando o casaco perfeito com o preço perfeito e não achei. Comprei então um colete barato só para continuar a expedição.

Já eram 7 da noite e eu me lembrara que não havia tomado café da manhã e nem almoçado. 

Resolvi procurar um lugar para comer.  Novamente seguindo minha intuição e querendo sair do movimento acabei virando em uma rua cheia de pequenos restaurantes. Passei um por um olhando o cardápio e decidindo o que comer. Entrei então em um restaurante italiano bem simpático e fui de pizza marguerita com vinho para esquentar.

Após o jantar já na rua, tropicando por causa do vinho, abri meu mapa para descobrir por onde deveria ser meu próximo passo. Nisso um casal passando me viu, achando que eu estava perdida me perguntaram para onde eu queria ir. E eu respondi que ainda não havia me decidido, agradecendo a receptividade deles é claro. Concluí que os moradores de Londres são extremamente educados, solidários e prestativos.

Bom. Quando nós paramos para descansar é que descobrimos como realmente estamos cansados. Percebi que eu deveria encerrar a minha primeira noite em Londres com um bom banho quente no hostel. Segui então para o metro.

Desembarcando na estação Elephant Castle, que é a do hostel, eu emergi para a superfície, porém não fui de elevador e sim de escadas. Fiz o caminho que eu achava que lembrava, onde eu deveria sempre virar a esquerda até a rua do hostel. O problema foi eu ter emergido em uma porta errada, que era totalmente oposta a saída correta.

Depois de já ter andando mais de 20 minutos, caí em si que estava perdida. Sem movimento nenhum na extensa avenida, oito e trinta da noite, encontrei uma lanchonete vazia com uma senhora atendente. Entrei para pedir informação com meu mapa em mãos. No mapa a senhora apontou onde é que eu estava, e para onde eu deveria ir. 

Confirmando minha falta de noção espacial. Voltei para a estação do metro e lá pedi novamente informação. Até que consegui me localizar e achei o caminho para a verdadeira rua do hostel. Depois dessa eu não me perco mais por lá.

Cheguei ao hostel, sã e salva, cansada, mas extremamente satisfeita e feliz pelo dia cheio de aventuras que tive. Tomei meu banho quente, e antes das dez da noite já estava dormindo.

E esse foi só o começo do que Londres protagonizou em meus dias na terra da Rainha.


domingo, 25 de janeiro de 2015

Contagem

Já estou na contagem regressiva. Em menos de um mês estarei em casa no Brasil.
Com isso, estou me programando para não deixar de fazer nada que preciso e que tenho vontade.

Preciso marcar dentista, ginecologista, nutricionista e fazer vários exames. Marcar manicure e cabeleireiro já que não corto o cabelo e não tiro cutículas há quase um ano. E marcar horário com a minha esteticista também é claro.  

Quero voltar a nadar, voltar para yoga e preciso procurar uma academia. Em fim sair da vida sedentária.

Minha mãe me pediu uma lista de alimentos e comidas que eu sinto falta, assim ela pode comprar para minha chegada.

Então, mãe aí vai minha super lista!

Muitas Frutas, principalmente mamão, uva, e melancia.
Quero beber muita água de coco e suco de laranja natural.
Ter no freezer aquele potão de açaí para o lanche da tarde.
A minha querida Tilápia de todos os dias.
Pirão de peixe com farinha de mandioca.
Peixe assado recheado e mandioca bem molinha quase derretida.
Pastel de queijo e tapioca de feira.
Muita salada, principalmente rúcula.
Palmito.
Aquele feijãozinho preto com arroz integral. Ah, sem esquecer a lentilha com a folha de louro.

E claro preciso ir a algum restaurante japonês para um belo rodízio de Sushi e Sashimi!

O que sinto muita falta também é de poder fazer uma refeição em família.

No café da manha, poder sentar-se a mesa e ter todos os alimentos ali, poder escolher o que comer e com calma.

No almoço ter todas as panelas de comida sobre a mesa, servir-se uma vez, e poder repetir quando quiser. Hábito esse que é muito difícil ver por aqui. Pois os pratos sempre são servidos já com a quantidade e os alimentos certos para cada pessoa.

À noite, poder sair jantar com as amigas, falar besteira e dar muita risada.

Quero avisar aos meus amigos e amigas que eu não tenho mais carro. Precisarei de revezamento para sair!

Eu gostaria muito de poder visitar minhas avós, família, pessoas queridas que vivem longe e ir à praia. Mas não sei se terei tempo de fazer tudo isso.

Mas quero aproveitar muito os meus pais, pena que minha mãe já terá voltado ao trabalho, e meus cachorros queridos. A Dora, uma das minhas meninas, teve filhotes logo que eu viajei então, ainda não os conheço.








sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Series

Confesso que quando eu tinha tempo durante a noite, no Brasil, eu adorava assistir uma novela.

E para acompanhar os capítulos, eu sempre lia os resumos do que iria acontecer nos seguintes episódios.

Estando fora do país, até é possível assistir os capítulos online por alguns sites. Mas como meu foco é priorizar o inglês eu migrei o meu ócio para seriados, os quais, eu posso treinar a minha audição e vocabulário.

O problema é que pelo menos para mim, os seriados foram viciantes, tanto que muitas vezes eu preferia ficar assistindo ao sair de casa. Atribuía a eles os meus momentos de alegria e lazer.

Um belo domingo de folga em casa, eu procurei por uma série nova para me entreter, mas assisti quatro diferentes, e nenhuma me prendeu a atenção.

Então resolvi escrever sobre seriados. Todos os que eu já assisti por completo, e os que eu iniciei, mas não dei continuidade, pois não me prenderam a atenção.

Peço por gentileza, que se compadeçam pela minha luta em busca de mais uma serie viciante, me sugerindo alguma, super, ultra, mega legal, que não esteja em minha lista.

Seriados que assisti todos os capítulos e temporada e a intensidade do meu vício de 0 a 10.

Serie
Tema
Temporada
x capítulos
Grau de vício
Once upon a time
Todos os contos de fadas da Disney, no mundo real em busca do True Love.

4x22
Continua
10
Gossip Girl
Adolescentes estudantes ricos que vivem em New York. Existe um blog de fofocas que é atualizado continuamente com as mais indiscretas notícias sobre eles.
6x20
Encerrou
10
Girls
Meninas de vinte e poucos anos, pós faculdade, em New York, buscando seus futuros profissionais,  lidando com as várias assombrações que norteiam a mente de uma garota de vinte e poucos anos.
4x10
Continua
10
Sex and the city
Mulheres com a crise dos trinta e poucos anos e ainda solteiras, em   New York (para variar), porém bem sucedidas profissionalmente, buscando o amor.
6x15
Encerrou
10
Revenge
A busca por vingança de uma mulher, que foi afastada do pai quando criança. A trama  é cheia de glamour e acontece nos Hamptons, Estados Unidos.
4x13
Continua
10
Grey’s Anatomy
O cotidiano de um hospital, a evolução de um grupo de recém-formados em medicina até a especialização, e o envolvimento emocional que acontece entre eles, funcionários e pacientes.
11x22
Continua
10
Lost
A luta dos sobreviventes a uma queda de avião, em uma ilha deserta, pela vida. Isso na primeira temporada, depois muda o foco completamente.
6x20
Encerrou
10
Bates Motel
A trama conta como o Serial killer do filme Psicose, em sua infância e adolescência, se tornou um matador.
2x10
Continua
10
Devious Maids
Quatro empregadas ambiciosas e sonhadoras que trabalham para ricos e famosos de Beverly Hills.
2x13
Não sei
09
Breaking bad
Um professor de química com câncer terminal resolve produzir cristais (droga) para ganhar dinheiro rápido e deixar de herança para seus filhos.
5x13
 Encerrou
09
 Mistresses
Quatro mulheres bem sucedidas em diferentes jornadas de autoconhecimento e que de alguma forma fazem o papel de amante.
2x13
Não sei
08
Outlander
A trama acontece na Inglaterra e Escócia, uma mulher viaja no tempo, para o passado, e dá dicas sobre a guerra que iria acontecer, mas que ela já conhecia a história.
1x8
Continua
07

Series que iniciei, assisti no máximo até o quinto episódio, e não continuei pois achei desinteressante ou cansativa. Mas talvez na falta de alguma melhor, poderei dar continuidade. 

The Fall
Game of Thrones
Scandal
Pretty Little Liars
Dexter
Californication
Under the Dome
Supernatural
Vampire diaries
Doctor house
Smallville
Beauty and beast
Stalker
Kingdom
Hannibal
Intelligence
Blacklist
House of cards
Grimm
Friends
Master of sex
Lie to me
The affair
Through the wormhole
Hawaii five-o
Mad men
Desperate housewives
Touch


 


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

NÂO

Eu nunca fiz muitas entrevistas de emprego em minha vida. Mas todas as que eu havia feito, eu passara e exercera a função por algum tempo. Exceto a vez que passei em uma entrevista para trabalhar de auxiliar de cozinha no Hotel das Cataratas, que por sinal eu queria muito, mas não aceitei, pois, era natal e não queria deixar meu namorado, na época, sozinho em plena ceia.  

Pois bem, acabei de receber o Email da empresa de recrutamento para trabalhar em navio de cruzeiro.

Eu não passei.

Segundo a empresa, eu não possuo o perfil exigido pelos critérios das companhias de navios de cruzeiro. E não foi só um, o critério de reprovação. Fora em seis quesitos indispensáveis, a minha reprovação.

Assim que eu li a negação ríspida e clara, é claro que eu fiquei chateada. Afinal ser rejeitada não é um sentimento bacana de se ter.

Durante a semana que eu esperava pela entrevista, uma amiga me disse que, se eu realmente quisesse de coração trabalhar no navio, eu iria conseguir.

Confesso que no início eu estava super empolgada para me jogar naquela vida de marinheira, um dia em cada porto, mas depois de assistir vários vídeos no Youtube sobre trabalho escravo em navios, assédio moral e péssimas condições sanitárias, eu fiquei assustada. Mas eu juro que mesmo sabendo das dificuldades, eu estava disposta em viver na “senzala” por seis ou oito meses e trabalhar duro.

Eu até estou pensando em tentar em outras empresas de recrutamento. Mas como disse outra amiga hoje, "Se o plano "A" não funcionar, lembre-se: O alfabeto tem mais 25 letras". 

Talvez seja a hora de partir para a seguinte letra.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Regresso

Dia 20 de janeiro fará exatos onze meses que eu embarquei para Irlanda. E faltará exatamente um mês para vencer o prazo de volta da minha passagem aérea. E eu irei utiliza-la.

Não iria contar para ninguém, voltaria para casa anonimamente. Não vou fazer alarde também, mas em fim, para alegria de mamãe e papai retornarei para o berço.

Eu vim com a companhia aérea KLM. Minha passagem de volta estava marcada para setembro passado. Então minha primeira mudança de passagem foi feita. Alterei a data de retorno para o dia 18 de janeiro de 2015, paguei uma taxa de 140 euros, tudo isso pelo Facebook da KLM.

Então arrumei um emprego de au pair. E minha ”patroa” me questionou quando eu teria que deixar a casa. Eu disse a ela que a minha passagem de retorno era para janeiro, porém, meu visto venceria em fevereiro, então eu poderia ficar até fevereiro.

Em fim, eu desisti de voltar para o Brasil mais de cinquenta vezes.

Creio que minhas escolhas de futuro seguem o meu ciclo hormonal mensal. Então sugiro que quando alguém quiser que eu concorde efetivamente com algo, me pergunte no meio do mês.  Que era normalmente o período que eu decidia ficar na Irlanda definitivo. Já no final e inicio de mês eu fico perturbada e sensível.

E foi numa dessas épocas sensíveis que eu recebi mensagens de uma amiga dizendo para eu voltar para o Brasil por que ela estava com saudades.

Nisso me bateu um aperto no peito, uma vontade real de voltar pra casa, rever minha família, meus cachorros e meus amigos.

Então pensei em olhar as passagens aéreas de volta para Europa, se eu encontrasse alguma com bom preço, eu transferiria novamente a minha passagem de volta para o Brasil de janeiro para fevereiro e depois voltaria para cá (algum lugar d Europa) em Março ou abril.

Caso as passagens estivessem muito caras, eu ficaria direto por aqui (Irlanda), e usaria o meu dinheiro para renovar o visto, perdendo então a passagem de volta.

Infelizmente minha fonte de atualização do mundo é a minha timeline do Facebook, então liguei meu computador e cai direto no Face. Foi então que li que a KLM estava com promoção de Natal. Sem piscar, abri o site da KLM e do Edreams para simular roteiros aéreos.

Meu primeiro teste foi saindo de Guarulhos para Dublin, e o valor estava o normal, média de R$3.000,00. Continuei simulando vários percursos e com datas diferentes até que, apareceu o milagre. O trecho Foz do Iguaçu para Amsterdã, ida e volta, saindo dia 18 de março por R$800,00.

É claro que era cilada!

Eu não podia acreditar. Refiz a simulação dessa vez para outra data, ai já voltou para os três mil. Regressei para o dia 18 e tornou a dizer oitocentos, porém só tinha mais um lugar no voo.

Eu não sabia o que fazer. Entrei em pânico e resolvi comprar a passagem. Mas só poderia ser comprada via cartão de crédito e eu só uso o de débito.

Mandei então mil mensagens para minha mãe e nada dela estar online. Lembrei-me que eu possuía os dados do cartão de crédito dela.

Pois bem, na hora de efetuar a compra da passagem, aquele último lugar já havia sido comprado, desaparecendo da minha vista em questão de cinco minutos.

Mas não desisti, joguei em uma nova simulação dessa vez com a data, outro número par, 16 de março e por sorte reapareceu lá os lindos R$800,00.

Claro eu ainda não estava acreditando nos valores baixos, e imaginava que na hora de efetuar o pagamento pelo cartão, viriam as taxas de embarque aeroportuárias e taxas da Dilma.

Mas eu queria tentar.

Comecei então os passos para efetuar a compra da passagem online. Que inclusive parcelei em quatro vezes sem juros.

Sim, deu certo. Recebi o Email com o número da reserva e tudo.

Eu entrei em um estado de êxtase, por inúmeros motivos. 

Ter que decidir em cinco minutos o que eu possivelmente faria no futuro. Por usar o cartão da minha mãe sem autorização, por ter pagado baratíssimo em passagens para Europa. E claro a partir daí eu já sabia que teria que voltar para o Brasil de qualquer maneira.

Entrei no Facebook da KLM e alterei minha passagem de retorno para o Brasil para o último dia possível de retorno.

E dia 20 de fevereiro, “aí vou eu”, mamãe e papai.

Lembrando que eu ainda tenho a minha passagem de volta para a Europa em Março. Mas quem sabe o que passará pela minha cabeça turbulenta até lá.









Que rumo seguir?

Durante os últimos seis meses, a minha cabeça fez vários nós pensando no futuro. Foram muitas crises existenciais. Minha principal questão, claro, é “o que fazer da vida?”.

Até enviei alguns emails para amigos mais chegados pedindo opiniões sobre mim. Mas a maioria só apontou os meus pontos fortes.

Eu sou formada em Publicidade e Propaganda, já trabalhei com produção para TV e designer gráfico. Tenho um MBA em Gestão Empresarial, mas nunca tive a oportunidade de exercer uma função na área do marketing, a qual eu estava disposta a seguir. Lembrando também dos meus quatro anos como interprete de Libras.

Vim aprender inglês na Irlanda com o sonho de voltar para o Brasil e ir trabalhar em alguma agência de publicidade ou multinacional em São Paulo capital.

Mas a verdade é que eu não sei o que realmente quero fazer profissionalmente.

Dizem que o melhor trabalho é aquele que fazemos com amor. Então me pergunto se eu amaria realmente viver sobre constante pressão em uma gigantesca cidade que tem um custo de vida exorbitante.  Eu adoro São Paulo, mas meus 25 dias vivendo na capital fazendo curso na ESPM fora moleza.

Eu estava em um apartamento que ficava a uma quadra da Avenida Paulista e uma quadra da Brigadeiro, então pegava o metro para vila Mariana e em pouco tempo já estava na faculdade. Fazia academia na Runner, era julho, então com as férias escolares o transito não estava tão caótico. Pude passear por museus, parques, shoppings. Até algumas agências de publicidade famosas eu visitei.

Em fim, eu vivi o glamour de São Paulo. Se eu for pra lá agora, possivelmente morarei longe do trabalho, gastarei uma fortuna em aluguel, transporte e alimentação e meu currículo não está à altura de pleitear cargos em excelentes empresas com ótimos salários.

Mas então José, o que eu devo fazer?

Existem tantas possibilidades, lugares, ideias e vontades que eu não consigo focar em apenas uma.

Eu poderia fazer uma nova faculdade, creio que seria de gastronomia, talvez em Curitiba. Ou abrir uma empresa, um café em Caldas Novas, por exemplo. Trabalhar em algum hotel em Foz do Iguaçu e ficar perto da família. Renovar meu visto na Irlanda, continuar estudando inglês e arrumar um trabalho em algum Pub ou restaurante. Voltar para casa e estudar integralmente para passar em algum concurso público. Ou casar, como a maioria das minhas amigas está fazendo, e dar um neto para o meu pai sossegar.  

Mas eu resolvi mandar currículo para uma agência que recruta mão de obra para trabalhar em Cruzeiros. Fiz uma primeira entrevista, e agora estou esperando o resultado.


Em fim, eu escolhi o mundo. E se eu não passar no processo seletivo para o navio, estou pensando seriamente em virar nômade. Mas primeiro preciso pensar em um “ganha pão” ou um patrocínio para manter essa escolha. 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Flocos de Neve



Minha primeira neve veio totalmente inesperada.

Claro, eu a esperava há semanas, desde a primeira temperatura negativa. Mas já havia desistido de vê-la por aqui.

E de repente, olho pela janela do corredor e avisto algumas coisas estranhas caindo, pensei comigo, isso não é chuva, mas não está tão frio para ser neve.

Quando olhei para a janela do quarto que dá aos fundos da casa, eu não tive mais dúvidas, já estava caindo em grande quantidade e com velocidade. Era branca, muito branca e redonda.

Meus olhos umedeceram, e antes que a lagrima escorresse pela bochecha, peguei o Louis no colo e fiquei pulado com ele de alegria.  

Corremos então para o andar de baixo abri a porta e fui ter meu primeiro contato com os flocos. Úmidos e leves. Igual gelo ralado. Encostavam-se em minha pele e logo se derretiam.

E hoje nevou três vezes. Nenhuma foi suficiente para fazer bola e muito menos um boneco de neve. Mas a sensação de ver algo que eu sempre quis ver pela primeira vez foi mágico. E eu sei que é clichê dizer isso, mas foi realmente emocionante.

E claro a primeira mensagem que escrevi foi mãe tá nevando!







domingo, 11 de janeiro de 2015

Em processo de abate

Creio que ter escolhido trocar o anticoncepcional oral pelo DIU, como forma de diminuir ou eliminar as minhas terríveis crises de enxaqueca mensais foi um erro.

Eu venho me perguntando dia após dia, por que é que eu perdi o controle físico e emocional?

Estar longe da família, de minha antiga rotina, em um mundo desconhecido e com temperaturas baixas, obviamente sacode com todos os sentimentos e pensamentos que me norteiam.

Eu costumava ter uma vida saudável e social consideravelmente boa. Alimentava-me de maneira nutritiva, praticava atividade física ao menos cinco vezes na semana e tinha uma vida social equilibrada.

Aqui na Irlanda, logo que cheguei, buscava por alimentos saudáveis, procurava sempre estar entrosada com algum grupo de pessoas, gostava de passear e conhecer tudo e todos ao redor.

Busquei uma academia (com aparelhos de musculação, aulas aeróbicas e piscina) para adaptar algumas das minhas atividades físicas preferidas conforme meu novo cotidiano.

Um belo dia, suada e feliz com uma barra de agachamento livre nos ombros, senti uma dor aguda e superficial na pele em minhas costas. Era uma espinha, gigantesca por sinal.
De repente outro dia eu acordo pela manhã, vou ao banheiro, me olho no espelho, havia um vulcão em meu queixo, e outro em minha bochecha.

Claro que eu sempre tive espinhas durante minha vida, mas era uma por mês, em somente um lugar do rosto, e quem em cinco dias no máximo já não existia mais. E nas costas eu nunca as tive.
E essas foram somente a largada das infinitas espinhas que surgiriam pelo meu rosto e principalmente costas.

Quem tem ou já teve essas “malditas” nas costas sabe o quanto elas são dolorosas e incomodam. Dormir a noite de costas no colchão, começou a ser um sofrimento. O elástico do top ou sutiã era um tormento. Colocar a barra de agachamento nas costas já não era motivante.

Quanto as do rosto, ardem e machucam tanto quanto as das costas, para piorar são visíveis a todos. E quanto mais secativo ou pomada para ameniza-las ou base e pó para cobri-las, pior, irritadas e mais visíveis ficam.

E foi ai que meu processo de isolamento e alimentação compulsiva se iniciam.

Cada vez eu tinha mais vergonha de sair e conhecer novas pessoas. Nem na academia eu queria mais ser vista. Com isso, passando mais tempo em casa e com o nível de serotonina lá em baixo, comecei a descontar minha ansiedade na comida.

Em pouco tempo, comendo o dobro que eu costumava a comer, escolhendo alimentos ricos em açúcar ou gordura e com poucos nutrientes, e sem praticar atividade física como de costume, eu iniciei o meu processo de engorda.

Hoje, eu tenho roupas novas! A mala que eu trouxe do Brasil já voltou para lá com todas as roupas que eu havia trazido, pois não me servem mais.

Eu sei que a culpa por ter engordado na verdade foi minha e não do DIU. Eu fui fraca, não foquei em achar um ponto de equilíbrio emocional, e não consegui encontrar algo ou alguém que pudesse me motivar, pois eu sozinha não foi razão suficiente para isso.

Eu tentei tomar um antidepressivo que eu trouxe na bagagem. Mas para mim foi como um placebo, talvez minha mente não tenha acreditado em seus efeitos, só nos negativos, pois ele me deixava com a pele tão seca que eu não podia mais sorrir que meus lábios sangravam. Mesmo bebendo quatro litros de água por dia.

O que fez dar uma melhorada em minha pele do rosto foi o processo de limpeza e hidratação com algum dos melhores produtos europeus para pele e tomar um comprimido diurético que tem a função de baixar o nível do hormônio testosterona que meu corpo passou a produzir em excesso sem o anticoncepcional.

Bem, hoje eu tenho a pele do rosto e principalmente das costas manchadas, preciso usar um medicamento todos os dias, sabe-se lá o mal que ele vai causar em longo prazo ao meu organismo, engordei mais de dez quilos, provavelmente meus níveis de colesterol e triglicérides estejam nas alturas, e quanto as minhas terríveis crises de enxaquecas, meus pais ainda me mandam caixas do meu santo remédio. Eu não as tenho com tanta frequência e nem com tanta intensidade, mas elas sobreviveram ao DIU.

E a minha TPM que já foi mensal, cheia de mau-humor, desejo por doce, espinha, retenção de liquido e isolamento social de no máximo dois dias se tornou praticamente diária. Com exceção da menstruação. Essa já não me visita a mais de um ano.

Um patinho feio é como eu me sinto, mas eu sei que eu posso voltar a ter uma vida saudável novamente. O meu problema de hoje, é que eu sempre acho que amanhã será o grande dia em que iniciarei a minha desintoxicação. Mas aos finais de semana eu deixo para depois de amanhã.