quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Um romance em Paris

Paris é uma cidade apaixonante e com uma atmosfera embriagantemente romântica, não é a toa que muitos casais escolhem a capital francesa e seus arredores para uma viagem a dois.

Eu fui sozinha, felizmente.

E agora contarei uma história real com o maior clima de Once upon a time ou de roteiro de Woody Allen. Tentarei passar com os detalhes a noite tão fascinante que protagonizei lá, em Paris.

Não me considero uma das mais românticas princesas do reino encantado, mas confesso que sonho com o príncipe vindo montado em seu cavalo branco derretendo o feitiço que transformou meu coração em pedra.

Uma bela sexta-feira de dezembro, após passar o dia inteiro pedalando e explorando a capital do vinho Rosé, tive o prazer de brindar a vida estourando um original champanhe aos pés da Torre Eiffel iluminada em uma noite estrelada de inverno.

Em minha companhia estavam uma Australiana e uma Texana, sem taças em mãos dividimos as três uma garrafa e uma brincadeira.

Sentadas em um dos bancos em frente à torre, passávamos a garrafa em sentido horário uma para outra. A cada gole que dávamos, a menina da vez deveria contar um segredo sobre si que ninguém sabia e tão pouco saberia depois dali.

Já embriagadas pela beleza da torre a meia noite, resolvemos pegar o último metrô para o hostel que nos hospedava.

Chegando lá, a texana cansada foi dormir e eu e a australiana fomos fazer um piquenique de Doritos com bolacha de chocolate nas mesas do ambiente.

Minha colega Aussie, carismática e amigável, em um ato benevolente, mas com intuito de conhecer novas pessoas e fazer amizade, começou a andar pela área em comum do hostel oferecendo bolachas de chocolate para quem estivesse por lá.

Após o surto de altruísmo da minha nova bff, as duas alteradas mentais foram jogar pebolim por volta das duas da manhã.

Antes mesmo do final da minha primeira partida oficial de totó da vida, representando o Brasil contra a Austrália, aproximaram-se três robustos jogadores Italianos querendo um amistoso misturado entre todas as seleções ali presentes.

Dividimos então os times, três jogadores contra dois, e claro eu fiquei no time desfalcado.

Batalhamos até as mãos não aguentarem mais rodar os tacos. Convidaram-nos então para sentarmos juntos ao restante de seus colegas para uma boa prosa multicultural.

E ali demos muita risada, mandamos mensagens para minha flatmate italiana, trocamos curiosidades sobre nossas culturas e foi uma noite extremamente agradável.

Eram ao menos quatro rapazes e uma moça. Eu pude conversar a vontade com quase todos, como sempre existem exceções, eu travava perto de um bello ragazzo.

Ele era dono de um par de olhos azuis esverdeados tão cristalinos e brilhantes quanto o mar refletindo o céu das maldívias em suas águas. E quando os seu olhar repousava sobre mim, ou ainda mais complicado, encontrava-se com o meu, eu corava como um pêssego maduro.

Eu me sentia tão amedrontada como se ele estivesse me despindo e pronto para descobrir todos os meus segredos. Então eu simplesmente evitava, desviava, fugia para que as borboletas não chegassem a bater asas no meu estômago.

Mais de quatro horas da manhã, quando voltava de uma das minhas idas ao banheiro, parei no meio do caminho para conversar com um chinês muito simpático, que a propósito mora no Canadá e estava dando um role pela Europa. Ali resolvi ficar (ou me refugiar das flechas do cupido) agregando um pouco mais de conhecimento de mundo à minha vida.

Já eram cinco quando avistei a seleção da azurra deixando o campo de batalha. Como boa samaritana fui me despedir deles.

Um dos rapazes pediu meu Facebook como de praxe, para mantermos contatos internacionais. Com um sorriso maroto em minha face, forneci o código para o contato virtual e recolhi-me em meus aposentos.

Adormeci em meu andar térreo do beliche quase as seis da manhã, mas eram oito e eu já estava de banho tomado devorando croissants com um mapa em mãos delineando o novo trajeto daquele dia.

Programei em vão, tentei seguir o imaginado, mas eu estava tão insuportavelmente mal-humorada de cansaço, que no meio da tarde resolvi voltar para o hostel desmaiar.

Nesse tempo procurei meu príncipe encantado na página social do Zuckerberg e claro com sucesso o adicionei e fui aceita.

Já deitada em minha cama real comecei a imaginar, alguns podem ler profetizar, a bela noite romântica que eu gostaria de viver em Paris.

Ao entardecer depois de ter arrumado minha mala, pois teria que partir de madrugada no dia seguinte, eu e Samantha fomos desvendar a noite supostamente agitada da Praça da Bastilha, tivemos um bom jantar, porém desta vez não aguentamos prolongar o passeio noturno voltando mais cedo do que imaginávamos para o hostel.

Era sábado de noite e estávamos sentadas na área comunitária conversando com um Irlandês. Eu estava achando o máximo a Samantha inglesa falante, pedindo desculpas (sorry) no final de cada frase, pois ela não conseguia entender claramente o sotaque irlandês do rapaz.

Não mais que de repente, sou surpreendia por uma mensagem no celular dizendo: - hey, nós vamos abrir a última cerveja, gostaria de se juntar? E em menos de dois minutos eu já estava aonde eu queria estar e ainda quase flutuando de tantas borboletas que existiam e insistiam em borboletar dentro de mim.

Conversávamos e gargalhávamos todos juntos, daquele jeito gesticulador expansivo que só os italianos conseguem expressar, até que por uma força do destino a cerveja acabou.
Nesse parágrafo do conto, o Woody Allen escreveu que o Italiano sedutor me convidaria para comprar as cervejas junto com ele.

O mais engraçado de tudo, é que eu já havia previsto, ou melhor, lido aquela página horas antes, à tarde em meu descanso. A partir daí eu já sabia o roteiro de cor, inclusive o final do filme.

Saímos do hostel com a suposta missão de buscar cervejas. Para isso, meu colega de compras deveria passar em um caixa eletrônico sacar dinheiro. Desta maneira subimos até uma larga avenida nas proximidades.

Já era quase meia noite.

Esse bairro que estávamos hospedados fica na região do Moulan Rouge que eu já visitara outra noite e também de uma igreja turística famosa chamada de Sacré-Couer, essa eu ainda não havia conhecido e não tinha certeza se conheceria, pois aquelas eram as minhas últimas horas na capital francesa.

Tive a brilhante ideia de perguntar para meu colega onde exatamente ficava e se ele já havia estado nessa igreja. Ele simplesmente apontou para as frestas entre os prédios em nossa frente, podendo eu então avistar a iluminada capela no alto do morro, e afirmou que já estivera no local no dia anterior.

Mas eu queria ver mais de perto e comecei a andar em direção ao morro da igreja, como em um conto de fadas começamos a correr juntos, atravessando as ruas e as estreitas e íngremes vielas parisienses parando somente quando não existiam mais obstáculos em minha vista.

Com uma voz doce, ofegante e manhosa completamente persuasiva, pedi que postergássemos nossa missão alcoólica para que finalmente eu pudesse conhecer o último ponto turístico da cidade que meus amigos haviam me recomendado.

A igreja fica no alto de um morro, para ir até lá é preciso subir milhares de lances de degraus ou pagar algumas moedas e usar o bonde.

Resolvemos ir de bonde, pois a corrida e o clima de romance já haviam nos arrancado muito fôlego.

O tempo da subida no bondinho foi rápido, menos de dois minutos eu acho, e bem no meio da subida existe um pub irlandês com direito as cores laranja e verde e ainda o trevo da sorte. A propósito o pub estava lotado e parecia bem animado.

Ao chegar ao alto do morro, desembarcando do bonde, minha primeira visão foi para a bela Igreja iluminada.

Logo em seguida me deparei com Paris inteira também iluminada.

Tímidas lagrimas escorreram pelas minhas bochechas, meu coração parecia que iria explodir de tanto amor que pulsava no meu peito, ao mesmo tempo que eu estava excitada em poder apreciar aquela vista magnífica em uma noite estrelada com um clima agradável e ainda mais com uma boa companhia, a paz tomou conta do meu corpo e me fez sentir dentro de uma bola de sabão flutuando no espaço.

Eu só conseguia pensar em uma palavra. Gratidão.

Depois de criar um mapa mental em minha frente e ir localizando cada ponto da cidade em que eu estivera nos dias anteriores meu par, resolveu registrar aquele momento com uma selfie de nós dois e as luzes de Paris ao fundo.

Bom, nesse momento nos aproximamos o suficiente para o enquadramento da foto. De frente para a igreja, de costas para a cidade, olhando para a lente do telefone.

E como quem já soubesse a próxima cena, permaneci em minha pose até que ele deu um passo posicionando-se diante a mim e me beijou.

Depois dali o sorriso de orelha a orelha tomou conta do meu look.

Passamos no irish pub tomar uma Guinness, descemos as escadarias de mãos dadas correndo. Fizemos o caminho de retorno para o hostel saltitando iguais dois embriagados, dançávamos no meio da praça, girávamos, beijávamos exalávamos paixão.

De volta ao hostel, passamos o restante da madrugada conversando e trocando curiosidades distintas e em comum sobre nossas culturas.

Quando chegou cinco horas da manhã, fiz o check out no hostel, peguei minha bagagem e ele me acompanhou até a estação de metro.

Os sorrisos haviam desaparecido assim como as palavras. Não conversamos sobre a despedida e muito menos sobre reencontros. Não conversamos sobre nada. Como se tivéssemos gastado toda nossa felicidade e alegria horas antes. O cansaço e a tristeza tomava conta de nossos semblantes.

Assim como ele agradeceu a noite, eu também agradeci por ter me levado até o alto da Sacre-Coeur, ter ficado a noite inteira comigo e ainda me acompanhado ao metrô.

Despedi-me dizendo que ele estaria para sempre na minha mente como o meu amor italiano platônico em Paris.

E o meu conforto e romantismo vem da sabedoria popular brasileira que me ensinou que “Amor de praia não sobe serra” e que “todo carnaval tem seu fim”.

Na pele eu descobri o motivo do filme meia-noite em Paris ter ganhado tantas premiações no Oscar.  


E segue aqui nesse link um pouco do dia mágico, gravado em snapchat, que descrevi aqui encima. :)




















Mix de nação

Eu amo conhecer novas culturas e suas peculiaridades.

Talvez a resposta seja por eu ser brasileira, fruto de uma miscigenação de raças onde sua principal característica seja a "misturança" toda. Ou por ter nascido e vivido grande parte da minha vida em Foz do Iguaçu, uma cidade de fronteira com mais de 70 raças vivendo em harmonia, me acostumei a conviver com diversas etnias e respeitar cada diferença entre elas.

Nós seres humanos compartilhamos igualdades nas mesmas funções fisiológicas vitais em um corpo que nos abriga e nos permite viver.

Mas, nascemos em regiões diferentes espalhadas por esse planeta, que por sua vez dividi-se em nichos, cada um com seu costume onde o único objetivo é de sobreviver (feliz) e perpetuar a espécie (ou não).

O que me deixa curiosíssima e instigada é o paradoxo de como podemos ser tão iguais apresentando mesmas crenças e rituais estando tão longe. E como também podemos ser ao mesmo tempo tão diferentes com tantas semelhanças tradicionais.

Minha diversão sempre que encontro uma outra nação, é de questioná-la explorando cada detalhe cultural.

Moro em Dublin na Irlanda e partilho o apartamento com um espanhol e uma Italiana.

Uma curiosidade divertida entre nós é que somos descendentes falantes do Latim, então quando existe um ruído em nosso canal comunicativo como, por exemplo, quando não sabemos alguma palavra em inglês, solucionamos essa barreira por dizer em nossa língua materna usufruindo o nosso próprio sotaque. Magicamente entendemos a mensagem transmitida e ainda corretamente.


Assim, vivendo e convivendo em três nacionalidades debaixo do mesmo teto despertou-me a vontade de compartilhar com minha família e amigos as curiosidades que aprendo com meus flatmates e seus olhares sobre seus respectivos países de origem.

Síndrome dos pisca-piscas

Respirando em mais um final de ano.

Momento habitual da retrospectiva anual onde avaliamos as porradas que levamos, os sucessos que alcançamos, o caminho percorrido e nele os  desvios e as varias bifurcações que exercitaram o nosso poder intuitivo ou vulgarmente chamado de sorte.

Para os positivos e afortunados, é uma época vibrante com muitas festas, décimo terceiro ou até quarto, reuniões de amigos e família, comidas saborosas, farra, sombra e pinga ou água fresca.

Para os reclamões é uma época capitalista de ostentações e muitas dívidas, sogras e sobrinhos aterrorizantes, peru mais seco que as uvas passas do arroz e do panetone e a melancolia por ter continuado mais um ano vivendo uma vida medíocre.

Para os solitários é uma época saudosa, de lembrar os bons e velhos tempos em família ou ao lado de pessoas amadas e de gratidão eterna por ter vivido aqueles momentos clichês que na atual conjuntura em que se encontram são impossíveis de serem reprisados.

Eu estou em um momento hiper solitário.

Não sei se foi porque gastei toda a minha euforia, felicidade e dinheiro em Paris no início de dezembro, mas estou me sentindo no meio de um alaga-mar que me puxa para o fundo escuro ralando meus joelhos e peito na areia e quando eu tento subir à superfície para respirar e abrir os olhos, vem outra onda de supetão que me arremessa novamente para o fundo me afogando em mais um dia cinzento de ressaca sentimental.

Segundo minha madrinha psicóloga o nome dado em específico a essa época do ano para essa condição emocional é “A crise dos pisca-piscas”.

Somam-se todos os pensamentos de incompetência, desilusões, tempo perdido, metas não cumpridas mais a distância do colo de mamãe, saudade das tradições precedentes natalinas, incluindo a própria montagem da árvore de natal e das luzinhas espalhadas pela casa, acrescentando ainda a falta de dinheiro para poder esbanjar comprando a decoração de papai-noel, o Chester e o panetone.

Apesar dessa nuvem de trevas que não deixa o calor afagar e nem a neve cair de vez, permanecendo esse clima monótono mórbido, quando eu vejo pela janela e enxergo a árvore de natal do vizinho com todas as cores piscando, consigo imaginar ao olhar para a lareira ao meu lado, o bom velhinho vestido de vermelho descendo por ela espalhando a poeira misturada com cinzas, trazendo uma única luz branca de esperança que me fará acordar para a vida real.

É, chegou o Natal.






quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Me despindo

Esse foi mais ou menos o caminho que passei até chegar aqui nesse quarto em que resido na atual conjuntura irish da vida.

Me sinto completamente nua e desarmada ao escrever e expor meus sentimentos nesse canal.

Mas logo percebo que são só mais algumas palavras de uma humana no mundo calejado por sentimentalismo e que negativamente não influenciará.

Na verdade eu sempre quis aparecer de alguma maneira, sempre almejei o sucesso, ou que as pessoas me admirassem por algum segundo. 

Mas nunca tive isso como objetivo de fato, e muito menos coragem de sair da minha zona de conforto para que isso acontecesse. Afinal quando queremos muito ser amados a inveja e o ódio aparecem ao redor. E eu nunca aceitaria numa boa uma crítica negativa. Ficaria realmente frustrada e deprimida.

Talvez por isso sempre banquei de quietinha, meiguinha, e comum. Sem pretensões de atrair os holofotes, pois nunca acreditei realmente no meu potencial para isso. Ou seja, se nem mesmo nós acreditamos em nós mesmos, isso já é um muro gigantesco que construímos como barreira a ser vencida.

Mas eu gostaria muito de chamar a atenção de todos um dia, e mostrar que atingi um sucesso. Quero dizer, não de todos e sim da minha família. Acho que isso pode se resumir em deixar meus pais orgulhosos.

Na verdade eu queria fazer algo útil que fosse influenciar de uma maneira positiva alguém, ou até mesmo ajudar fisicamente de alguma forma. Esse físico de que eu me refiro é de modo material, tocável, rentável e não a forma física corpórea da pessoa.

Meu nome é Fernanda Rafaela, tenho 26 anos, sou formada em publicidade, mas atualmente estou em standby da vida morando em Dublin, ou referida por mim como a Terra do nunca.

Onde nós humanos indecisos e indefinidos passamos um tempo de nossas preciosas vidas até que as respostas que precisamos encontrar caiam como um passe de mágica diante do nosso nariz.

Desde pequena eu me considero criativa. Criativa e solitária.

Sou filha única. Então me lembro de quando criança brincando sozinha de Barbie no meu quarto eu inventava as mais psicóticas histórias de ficção . Ou também brincando avulsa na casa da minha avó em Pinhais criando saborosas receitas culinárias com os temperos e plantas que ela cultivava no quintal. Das manhãs assistindo desenho animado e rabiscando os mais incríveis croquis de vestidos de festa ou roupas ocasionais.
Eu também tive uma fase musical, onde fazia aulas de teclado e ficava inventando letras de músicas para me distrair.

Dessa forma o destino me empurrou intuitivamente para a publicidade.

Na verdade quando eu passei no vestibular em Foz do Iguaçu aos 16 anos de idade, eu ainda não tinha noção do que significava propaganda. Escolhi esse caminho, pois minhas amigas haviam marcado essa opção de curso e na leitura rápida sobre o tema no folder eu achei bacaninha. Ou seja, na maior Maria indo com as outras, coloquei um x em PP.

Continuando na onda do destino desde cedo eu quis segui-lo e morar fora de Foz do Iguaçu.

Meu sonho principal era São Paulo ou o mundo. Então também prestei vestibular em Londrina, para Design de moda na UEL, que era o que realmente eu queria fazer na época, a cidade não era uma grande capital, mas já era longe do alcance visual dos meus pais.

Claro sempre fui uma aluna mediana, apesar de adiantada na idade, não me lembro de ter uma única matéria que fosse o meu forte no colégio. Logo despreparada não passei na faculdade estadual.

Cai de gaiata na comunicação social da publicidade e propaganda, no marketing, no atendimento, na produção de rádio e TV, na criação.

Mesmo durante a faculdade, ainda queria sair de casa, então pensei em transferir meu curso para uma universidade em Curitiba, mas não ganhei muito apoio dos meus pais. Decidi então dessa vez com o apoio deles, que faria um intercâmbio de férias. Fiz meu passaporte, mas tudo o que consegui arrumar foi um namorado, postergando mais uma vez o meu içar de asas para longe de casa.

Com vinte anos eu já estava formada, tinha um carro 1.6, ganhava pouco, mas trabalhava na área, era uma pequena produtora da cidade onde eu fazia de tudo um pouco, e na parte pessoal eu tinha encontrado um amor para chamar de lindo e dedicar o meu coração.

Logo que formada, surgiu um novo desafio, interpretar em Libras para um menino surdo que havia entrado na faculdade no curso de publicidade e propaganda. Eu aceitei e fui lá fazer minha segunda faculdade de PP.

Minha mãe desde que casou e se mudou para Foz trabalha em uma escola de Surdos, com tudo eu aprendi a linguagem de sinais lá na Apasfi convivendo com os Surdos e no curso de Libras que me formei.

Mas foi meio que trabalhando e meio que cursando a segunda vez a faculdade, que finalmente eu entendi os Ps de Kotler a pirâmide de Maslow e me apaixonei pelo marketing. Nessa mesma época fiz um MBA em gestão empresarial. Mas nunca cheguei a exercer nenhum trabalho profissional nessa área. Seria ou talvez será o próximo step.

Foram então mais quatro anos reprisando e claro interpretando o curso de publicidade que quando chegou ao fim, eu me sentia a própria residente no assunto.

E como disse Vinicius de Moraes “um grande amor só é grande se for triste” também veio ao final minha estória de seis anos de amor.

Então estava eu com vinte e quatro anos de idade, trabalhando como design gráfico em uma ONG fazendo os materiais mais simples possíveis, recém-formada em Publicidade, porém, não tão recém assim, com o coração e a mente atordoados e se sentindo perdida e livre ao mesmo tempo.

Finalmente com apoio total dos pais para sair de casa vim então parar em Dublin para me encontrar, ficar comigo mesma e conhecer o mundo.

E da parte mais difícil de sair de casa, se virar sozinha em um lugar desconhecido com uma língua estranha e uma cultura diferente foi ter que lidar comigo mesma sozinha em meu mais intrico ser existencial, o mundo exterior foi até que caloroso apesar do inverno.

E nesse frio dezembro de 2015, faltando menos de 15 dias para o ano que vem, eu sigo com o aquecedor ligado desenhando meu mapa.


Eu imagismo


Minha imaginação não tem ponto final... 
Sabe aquela luz branca que se encontra no centro da cabeça, mais precisamente entre os olhos, que traz paz e calmaria no momento de meditação, também conhecida como terceiro olho ou o sexto Chakara Ajna? Pois então eu só consigo imagina-la.

De fato nunca consegui me ater a ela por mais de cinco segundos sem que essa luz virasse um pirulito colorido girante transformando-se em um arco-íris como plano de fundo para a dança dos unicórnios performáticos.

Com tudo, sou aquele tipo de pessoa que imagina o caminho inteiro para o futuro brilhante, porém não sai do lugar.

Com a voz do conforto, ouvi dizer que não sou só eu que tenho esse medo da frustração, pensando mais do que agindo. Na verdade essa qualidade está intrínseca a geração que nasci. Claro que não em absoluto, mas prevalece na grande maioria Y.

Por incrível que pareça essa condição de procrastinação também está me fadada pelas estrelas. Segundo o zodíaco, aquário, meu signo, diz que tenho o dom de começar algo e não levar adiante por muito tempo. Agradeço a Deus e minha mãe por eu ter terminado uma faculdade e uma pós-graduação. Já o piano, o CCAA, o Fisk, a Amazing não tive a mesma competência. Por tanto postergar o inglês vim me infiltrar nele literalmente. Ah, sem falar os tantos de marca-páginas e orelhas de burro que estão fazendo décadas empoeirados na estante.

Mas juro que isso não é só a preguiça que me corrompeu, e sim alguma atividade mais empolgante e inevitável que se convidou a me sequestrar atentamente.

Eu também tenho o dom de ter furtada a atenção, com consequência o foco é roubado pelo mais ínfimo dos ruídos que possa pinicar qualquer um dos meus sentidos sensoriais me desvirtuando ao mundo paralelo.

Persistir é um verbo que não sei conjugar. Eu conto com a sorte, pois jamais vencerei algo pela insistência.

Eu abandono largo mão, desisto, eu entrego de bandeja, e minha melhor paráfrase é não sou competitiva.

Enfim, como eu estava dizendo que me perco imagisticamente, acabou de acontecer mais uma vez nesses últimos treze minutos, vou ficando confortável por aqui.

Além do mais eu percebi que eu estou sendo muito EUgocêntrica nesse texto em eu pessoa.

A princípio, esse post não tem nenhum motivo especifico.
Conforme foram surgindo as palavras, as ideias, o mote meio subtendido.
Fui preenchendo as linhas sem sentido, mas de acordo com o que eu estava sentindo.
Outra hora eu explico e quem sabe eu termino.

O dilema infinito do volto ou fico.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Paris

Eu nunca levei Paris tão a sério e jamais foi minha prioridade ir parar lá.

No meu imaginário era uma cidade grande, antiga, turística e clichê, aonde as pessoas iam mais para ter o carimbo Francês em seus passaportes e enaltecer o seu status social.

Eu também ouvira falar muito mal a respeito da capital francesa e seus habitantes. Que eles eram preconceituosos e nada receptivos e que era uma cidade caríssima e perigosa com grande número de estupros.

Recentemente aconteceram os atentados terroristas na cidade o que deixou a atmosfera parisiense pesada, triste e assustada. Em contrapartida as fronteiras ficaram muito mais restritas com minuciosas revistas a todos que entram e saem do país. E no centro da cidade onde estão as principais rotas turísticas também ganharam tropas militares para afugentar qualquer cidadão de bem ou de mal.

Um belo dia eu estava sem fazer nada em casa e avistei um email que continha promoções aéreas. Os destinos baratos eram vários, mas ali estava a tal Paris.

Existiam vários contrafluxos para me manter aconchegada e segura em minha zona de conforto na Irlanda. Mas com um impulso malandro, descontei 10 euros de minha conta bancária para viajar dali a cinco dias.

Nesse tempo contei para minha flatmate Italiana que por sua vez contou à sua mãe na Itália, elas me disseram que era muito perigoso ir para França aquele momento, e caso eu fosse deveria evitar multidões e metros.

Já meu flatmate espanhol que trabalha para o Google, disse que em sua firma eles haviam pedido aos funcionários que tinham viagens reservadas para esse mês pela Europa com ênfase na França e Bélgica, que postergassem as datas ou cancelassem as trips.

Meu amigo Irlandês disse que não era momento de ir à Paris, muito menos sozinha, que se ele pudesse iria comigo, e que a melhor opção seria não ir.

Minha mãe preferiu abster-se de qualquer comentário e disse que se por acaso eu fosse, ela não contaria para meu pai.

Comecei a pesquisar preços de hospedagem e transportes e percebi que a viagem não seria tão barata quanto eu gostaria. Desanimei e comecei a acreditar que o melhor seria perder só dez euros e continuar na minha zona quentinha confortável.

Um dia antes do voo, com um bicho carpinteiro me teimando, eu decidi arriscar e ir para a cidade Luz, assim na loucura, reservei o hostel, comprei o passe do ônibus do aeroporto até a cidade, comecei a estudar o mapa e trajetos, baixei aplicativos no celular e pedi indicações aos amigos que já estivaram lá sobre os passeios que valiam a pena fazer e pagar.

E vou contar uma coisa, nunca na minha vida tive uma decisão tão feliz.

Digo-lhes os motivos.

Eu estive em Paris do dia 2 de Dezembro ao dia 6 de Dezembro. Mas eu só tive realmente três dias e três noites completas para aproveitar, e foram três dias muito intensos, mas garanto que se fossem 15 dias, também seriam tão intenso quanto.

Não sou capaz de definir Paris com um único adjetivo.

Magnífica, esplêndida, robusta, encantadora, acolhedora, convidativa, iluminada, rica, excitante, apaixonante e por ai adiante.

Apesar de ser uma cidade gigante, é muito fácil se locomover por lá, bem sinalizada, só é preciso ter um pouquinho de senso de direção, ser destemido e aventureiro. Claro ter um mapa em mãos ajuda muito.

Há a opção de fazer os passeios mais tradicionais, mantendo-se nas rotas turísticas, comprando os ingressos para os museus e demais atrações on-line, com seu agente de viagem ou no próprio local de hospedagem, o que ajuda a evitar algumas filas.

Ou a minha opção, que foi explorar novos cantos de Paris, tão belos quanto os turísticos, e investir esse dinheiro em vinho Rosé e queijos tipicamente franceses, passando um tempo apreciando o clima em uma boa brasserie (café) de esquina.

As opções de locomoção por Paris são inúmeras, ônibus, metrô, trem, taxi, a pé ou o meu favorito, bicicleta.

Existe um passe único que se paga em média 12 euros e é válido para todo o dia, você pode andar em qualquer linha de trem, metrô ou ônibus quantas vezes quiser durante um dia inteiro.

Em minha opinião mais emocionante que isso e econômico, gastando 8 euros por uma semana inteira é o Vélib, que são bicicletas espalhadas pela cidade. Funciona igual ao Dublin Bike (para quem é ou conhece Dublin) você pega uma bike em uma estação e tem trinta minutos para pedalar até outra estação. Caso não tenha chego em seu destino final nesse tempo, não tem problemas. Com estações espalhadas pela cidade, basta trocar de bike em uma delas e continuar o percurso. Se passar dos trinta minutos é descontado uma pequena quantia de dinheiro do seu cartão de crédito (provavelmente um euro por mais trinta minutos).

Ou seja, fui aventureira o bastante para optar pela bicicleta como meio de transporte, destemida o suficiente em percorrer caminhos paralelos aos turísticos e com um senso de direção impar, que me fez perdida por inúmeras vezes, porém me levou a cantinhos surreais.

Além de o mapa ter sido meu melhor amigo nessa viagem by my own, quem jamais me deixou na mão foi minha amiga intuição. Com ela eu pude mergulhar no mar parisiense e flutuar na atmosfera mais apaixonante da minha vida.

E nessa humilde tentativa de viver na pele um pouquinho de cada cultura aqui nesse velho continente, sendo experimentando a comida típica, conhecendo lugares turísticos e rotineiros, ouvindo as histórias reais e os contos, a avaliação que faço dos povos por onde passei é que temos muito mais em comum do que imaginamos.

Sobre viajar sozinha? É a melhor e maior sensação de liberdade que alguém poderia ter.

Paris, você tem todo o meu respeito e admiração. A partir de hoje lhe recomendarei para todos os meus amigos de completo coração.

Merci et au revoir.






domingo, 18 de outubro de 2015

yin-yang

Declaração para uma princesa Amy Daphne.

Foi no colégio que nos conhecemos, éramos as gordinhas com poucos amigos e nada populares. Nossa diferença era que ela sonhava em ser uma princesa e adorava os holofotes.

Menina doce, meiga e sem vergonha literalmente de ser feliz, sempre correu atrás e batalhou por todos os seus sonhos e claro que de maneira honesta e bonita, sem prejudicar ninguém, espalhando alegria e proporcionando gargalhadas, até mesmo quando ela própria era o mote da piada.

De cabeça sempre erguida ela me ensinou que o melhor da vida é rir, principalmente de si mesmo.

Eu sou o Yin, ela é o Yang.

Podemos nos considerar opostos e como os polos diferentes se atraem, nos completamos.

Começamos fazendo trabalhos de sétima série juntas. Chegamos a brincar um pouco de casinha e esconde-esconde na rua da casa dela.

Aos poucos começamos a enxergar a existência do sexo masculino ao nosso redor de outra maneira. Até então eles eram meros seres infantis que só serviam para nos pentelhar e jogar batatas em nossas cabeça.

Ela começou a usar salto um pouco antes de mim, maquiagem também. Escondemos uma da outra a data da nossa primeira menstruação de vergonha e medo de admitir que estávamos crescendo mesmo que tenha ocorrido com um mês de diferença. Ainda sofremos juntas pela primeira vez a dor de uma depilação com cera quente.

Ela sempre foi meu caderno de confidencias, meu diário, minha colega de descobertas e aventuras.

Com certeza absoluta estivemos presentes nos melhores momentos uma da outra e nos não tão bons também. Sempre nos apoiando, dando conselhos, ou jogando na cara mesmo.

Claro, nem tudo são flores, ela já me tirou do sério inúmeras vezes, e bem lá no fundo, ela sempre fez isso com prazer. Mas eu também admito que ela é um ser superior por aguentar meu mau humor e minhas “patadas” inconvenientes. Mas apesar desses detalhes, não me lembro de uma briga que tivemos. Humildade para reconhecer nossos erros sempre prevaleceu.

Existiram momentos que passávamos 24 horas por dia juntas, mesmo depois de uma manhã inteira na escola ainda chegávamos em casa e eram mais duas horas penduradas no telefone.

Houve fases que nos distanciamos, não andávamos compartilhando da mesma sintonia, mas independente da estação nosso carinho e amor sempre esteve presente. Como irmãs de coração e alma sempre estivemos aposto para o que desse e viesse, e ainda estamos.

Juliani minha querida, desde seu pseudônimo Amy Daphne até agora com sobrenome Jian.

Lembro-me do seu primeiro amor e me sinto feliz e em paz de que encontrastes o seu amor eterno.

Eu sou infinitamente grata por ter você em minha vida, compartilhar seus momentos especiais e jamais me perdoaria se eu não tivesse vindo em seu casamento.

Estou muitíssimo orgulhosa da mulher que se tornaste.

Muito obrigada por confiar em mim e me amar com o mais puro altruísmo da vida.

Nem a distância de sete mares será suficiente para separar os nossos corações de irmãs.

A minha maior alegria foi ver o seu olhar de felicidade no dia do seu casamento e isso jamais esquecerei.

Eu te amo para sempre minha irmã.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Gratidão

Quando a felicidade invade seu estomago, e você anda na rua sorrindo para o desconhecido, procurando ser a pessoa mais gentil do caminho. E de repente você se percebe rindo, rindo do estranho, do conhecido, rindo do atraso, rindo do seu próprio riso.

A paz invade o coração, mas, ao mesmo tempo você sente a energia impulsionando cada parte do seu corpo.

Apesar das borboletas baterem as asas rapidamente perto do seu abdômen, são batidas tão suaves que é possível inspirar em seis tempos, reter e ainda soltar em oito.

A positividade é transbordada, e a compreensão sobre a vida está mais límpida que o céu de brigadeiro. Cada ação do dia, cada circunstancia passada, seja boa ou nem tanto tem um propósito bem definido, e claro, feliz.

O mundo conspira para que a alegria seja absoluta.

Se as pessoas seguissem mais a intuição e devolvessem para a vida as bênçãos que recebem, caminharíamos todos em harmonia, na mesma batida, em paz.

Provavelmente minha Serotonina esteja realmente em alta.

Pode ter sido a super aula de sppining de hoje que a tenha elevado drasticamente, ou quem sabe a barra de chocolate 70% cacau que comi agora, a playlist nova do spotify que estou ouvindo, o dia de sol lindo que fez hoje ou a lua cheia de ontem a noite.

Poderia ser o amor.


Mas eu só quero agradecer ao universo todo, a Deus, ao meu anjinho da guarda, aos meus pais, meus amigos, meus vizinhos, meus colegas. Agradecer a vida.

Obrigada.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

36 dias, partiu Brasil

Contagem regressiva

A sensação agora é bem diferente da ansiedade que eu senti em fevereiro passado, quando eu fui para o Brasil pela primeira vez depois de um ano longe.

Antes eu sentia receio de como seria reencontrar todos depois de um ano distante, vergonha por ter engordado, medo em não ser aceita, dúvida por não saber se eu ficaria por lá ou voltaria para Dublin novamente, temor em não dar tempo de fazer tudo o que gostaria, ou rever todas as pessoas e lugares de que sentia saudade.

Agora, eu continuo ansiosa como da outra vez, talvez até mais do que antes. Eu quero muito aproveitar cada segundo novamente ao lado dos meus pais, família, amigos, cachorros.

Quero comer mamão e tomar água de coco todos os dias, quero o cheirinho da mamãe antes de dormir e ao acordar, quero nadar todos os dias de manhã, ir à academia a tarde, quero tudo igual como em fevereiro e março quando eu estava lá.

Mas eu me sinto mais calma, pois agora já sei o que eu encontrarei, de que forma serei recebida, e estou segura porque está no meu plano voltar para Dublin em novembro e terminar meu curso.

E antes eu não tinha um foco principal, eu acho, ou somente fosse uma “homesick”.
Agora é o casamento da minha “irmã”.

Gente, minha irmãzinha princesa vai casar e se tornar Rainha. Realizar o sonho da vida dela desde que eu a conheço por gente.  E eu estou ansiosíssima para compartilhar esse momento divino com ela.

Claro, se não fosse pelo casamento e minha ida ao Brasil, eu provavelmente agora estaria terminando meu tour de um mês pelo verão Europeu. Estaria bronzeada e com vários carimbos diferentes no meu passaporte e sem dúvidas mais conhecimento de mundo e cultura.

Então de coração, imploro para minhas outras amigas não se casarem no próximo ano, pois eu realmente gostaria de investir meu dinheiro aqui desse lado do mundo antes de voltar definitivo para a minha pátria.

Se bem, que um terapeuta poderia me dizer que esse discurso do casamento pode ser uma desculpa esfarrapada para ir pra casa matar as saudades.


Mãe, pai, to quase ai! 

domingo, 19 de julho de 2015

Bicicleteando


Ano passado eu costumava ir para a escola todos os dias a pé.

Eram em torno de trinta minutos caminhando passos ligeiros, com chuva ou sol.

E algo que eu me arrependi muito de não ter feito em 2014 foi de não ter comprado uma bicicleta.

Eu tinha receio.

Primeiro motivo: é comum o roubo de bicicletas por aqui, todo mundo conhece alguém que já ficou sem sua magrela.

E eu sempre pensava a quão frustrada eu ficaria de ter a minha roubada.

Segundo, como andar de bicicletas por essas ruas de mão inglesa?

E se eu meu cérebro se teletransportar mentalmente para o Brasil e eu acabar indo para o lado errado da rua?

E se estiver vindo um ônibus ou um caminhão gigante? Ele vai ter que ficar me esperando, eu a madame de bicicleta lagarteando lentamente na frente dele.]

E se estiver chovendo? E se ventar de mais? E se o pneu da bicicleta entrar no trilho do Luas e eu cair? E se eu quiser sair de vestido?

Em fim, o “e se” reinou na minha cabeça e não comprei a bike ano passado.

Esse ano (tcharannn) eu continuo sem ter a minha bike pessoal.

Porém eu fiz o cartão do Dublin bikes, que são estações de bicicletas publicas espalhadas pela cidade. 

                                

Eu paguei 20 euros pelo cartão que é cobrado anualmente, ou seja, só pagarei novamente ano que vem.

Aqui ao lado do meu apartamento existe uma estação de Dublin bikes, então eu passo meu cartão pela maquina, digito minha senha, escolho uma das bicicletas que estão à disposição e tenho exatamente 30 minutos para pedalar com ela pela cidade até devolvê-la em alguma outra estação.

Daqui de casa até a escola em média eu levo 20 minutos. Quando não tem nenhuma bike aqui ao lado do prédio, eu pego na esquina da minha rua, quando também não tem lá, eu pego no caminho do hospital. E quando está um dia lindo de sol que todos resolvem usar o Dublin bikes e também não há nenhuma disponível no hospital, eu desço até a estação do Luas Heuston e lá eu consigo alguma bike. Se até lá não tiver bike, aí vou de Luas, se eu tiver dinheiro na carteira, claro.

Caso não haja moedas na bolsa, o jeito é ir caminhando para a aula.

Enfim, descobri que andar de bicicleta no meio do transito, desviar de ônibus, passar os semáforos abertos em quanto a fila de carros ao lado não passou, pois está congestionado, ter um ônibus atrás botando pressão em plena subida é muito divertido.

Sem falar que maximiza muito o meu tempo.

Enquanto a pé eu levaria em torno de 50 minutos, de luas (espécie de trem elétrico) são 30 minutos e tenho que pagar 2,20 euros, de bike saindo aqui do lado de casa até a estação próxima da escola com a sorte de pegar os semáforos abertos gasto 15 minutos.

Já peguei a manha do caminho, já sei o melhor horário, perdi o medo, vou de vestido, quando venta muito o vento quase derruba a bicicleta, as coxas ardem, é um ótimo exercício, se está frio esquenta por estar pedalando, se está quente o vento constante ajuda a refrescar, a bicicleta é confortável, um pouco pesada, mas de fácil manuseio, e só basta ajeitar o banco na altura do seu quadril e sair pedalando feliz.

Às vezes coloco um pagode pra tocar no Ipod e vou sambando de bike para a escola.

Na volta da aula talvez leve um pouco mais de tempo, pois é subida e horário de rush, mas também vale a pena.


Quando resolvo fazer mercado após a aula, coloco as compras na cesta acoplada em frente da bike e retorno feliz, pedalando, me exercitando e me aventurando em meio dos carros para casa.










sexta-feira, 3 de julho de 2015

Holi festival x Babysit

Eu andava com uma vontade fora do comum de fazer coisas que jamais havia feito antes. 

Então fiz uma bucket list imaginária e sai me divertir com a vida.

Um dos itens inclusos em minha lista de desejos era ir a algum festival de música esse ano aqui na Irlanda. Então um belo dia, eu avistei uma promoção de ingressos no Facebook para o Holi Festival, que é aquele famoso festival das cores, e por impulso e com cartão de débito em mãos comprei dois ingressos, um pra mim e outro para minha colega de quarto.

Alguns dias depois eu recebi uma mensagem da minha antiga chefe, que ainda estava grávida na época, perguntando se no dia 27 de junho eu gostaria de ir para Drogheda cuidar das crianças e do neném recém nascido, pois seria aniversário de 40 anos do Ronan, e teria uma super festa para ele.

Na hora que eu vi a mensagem, fiquei imensamente feliz por eles terem se lembrado de mim para ficar com as crianças, e porque eu sinto muita falta dos meus pequenos sapecas.

Então logo fiquei pulando de alegria e copartilhei a noticia com minha flatmate. Em seguida ela me olhou e perguntou se não era dia 27 o dia do festival das cores.

Meu sorriso na hora murchou e logo corri verificar a data do festival, que se confirmou para o dia 27.

A vida é feita de escolhas o tempo todo, mas eu andava em uma maré de calmaria, sem muitas decisões a serem tomadas, e logo recorri a melhor conselheira do universo.

Mamãe.

Como de costume, conversamos todos os dias de manhã pelo skype.

Eu com um bico gigante na cara, contei o grande dilema do dia para minha mãe que simplesmente falou assim:

 - Filha, você já tomou a decisão. Você sabe disso. Haverá outros festivais de música para você ir.

E dessa maneira voltei a sorrir feliz e levemente.

Avisei meus amigos que eu não iria mais ao festival, e coloquei a venda o ingresso.

E foi uma boa escolha.


No final das contas, me diverti com as crianças em Drogheda, aprendi a cuidar de um neném de apenas um mês de vida, ganhei uma graninha e o Holi festival de Dublin em Junho foi cancelado. 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Temperamento


Esse é um post de caráter de desabafo.

Essa semana na escola o tema da aula foi música e sua influência no humor, comportamento e na personalidade do ser humano.

Particularmente eu não acredito que os gostos musicais de uma pessoa possam definir sua personalidade e caráter. Mas sim que a música possa influenciar no humor do indivíduo momentaneamente.

Outro aspecto que a meu ver influencia drasticamente no humor de qualquer ser humano é o clima.

Quanto mais água cai do céu, mais aumenta o meu grau de preguiça e possivelmente negatividade no dia.

E quanto mais céu azul eu possa enxergar, maior o ângulo do meu sorriso e disposição.

Acontece que eu estou em Dublin e aqui na Irlanda as chuvas fazem parte do dia a dia das pessoas.

Logo se você não gosta de frio, de chuva ou de encarar desafios, o melhor conselho é só vir para Irlanda para passear. Pois com certeza você sofrerá de algum distúrbio como irritabilidade, mau humor ou até mesmo depressão que logo podem acarretar outras fatalidades à sua saúde seja física, mental ou social.

Claro se você não for maduro o suficiente para encarar essas condições com sabedoria e alegria e não ficar só reclamando e descontando sua insatisfação na vida ou ainda pior nos outros.

Tudo bem que cada indivíduo tem um reflexo diferente de expor sua instabilidade emocional.

Mas geralmente aqui somos meros estudantes ou sub-trabalhadores em busca de conhecimento na língua inglesa, euros e felicidade e acabamos tendo que conviver com outros seres humanos que também sofrem influencias das ações externas.

Dividimos casa e quarto com estrangeiros a nossa criação. Sejam eles brasileiros do sul, do norte, espanhóis ou coreanos. Cada um com sua particularidade. Cabe o respeito mútuo, tolerância e claro uma dose de semancol.

Meus pais me ensinaram a dar bom dia, boa tarde e boa noite.

A ser educada com qualquer pessoa que se aproxime ou esteja no mesmo ambiente que eu. 

Olhar no rosto, precisamente nos olhos e cumprimentar.

E eu fico infinitamente grata quando correspondida, ou quando a outra pessoa toma a iniciativa.

Em fim, creio que gestos humildes como esses podem manter a paz e amizade de qualquer ambiente, relacionamento ou nação.

Então vem aquele velho ditado popular.

Se te derem um limão, faça uma limonada ou caipirinha, mojito, em fim.

Aproveite esse clima frio, chuvoso e cinzento de Dublin, junte com seus colegas de casa, de escola ou de trabalho, coloque uma música animada e seja feliz.

Mas seja. Veja, olhe nos olhos, tente sorrir, mesmo que seja amarelo. Cumprimente quem está ao seu redor, seja adulto, honesto, sincero. Não precisa dizer nada além de um bom dia. 

Pense positivo sempre. O que nos acontece, normalmente são reflexos do que pensamos ou agimos.

All we need is Love.