quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Síndrome dos pisca-piscas

Respirando em mais um final de ano.

Momento habitual da retrospectiva anual onde avaliamos as porradas que levamos, os sucessos que alcançamos, o caminho percorrido e nele os  desvios e as varias bifurcações que exercitaram o nosso poder intuitivo ou vulgarmente chamado de sorte.

Para os positivos e afortunados, é uma época vibrante com muitas festas, décimo terceiro ou até quarto, reuniões de amigos e família, comidas saborosas, farra, sombra e pinga ou água fresca.

Para os reclamões é uma época capitalista de ostentações e muitas dívidas, sogras e sobrinhos aterrorizantes, peru mais seco que as uvas passas do arroz e do panetone e a melancolia por ter continuado mais um ano vivendo uma vida medíocre.

Para os solitários é uma época saudosa, de lembrar os bons e velhos tempos em família ou ao lado de pessoas amadas e de gratidão eterna por ter vivido aqueles momentos clichês que na atual conjuntura em que se encontram são impossíveis de serem reprisados.

Eu estou em um momento hiper solitário.

Não sei se foi porque gastei toda a minha euforia, felicidade e dinheiro em Paris no início de dezembro, mas estou me sentindo no meio de um alaga-mar que me puxa para o fundo escuro ralando meus joelhos e peito na areia e quando eu tento subir à superfície para respirar e abrir os olhos, vem outra onda de supetão que me arremessa novamente para o fundo me afogando em mais um dia cinzento de ressaca sentimental.

Segundo minha madrinha psicóloga o nome dado em específico a essa época do ano para essa condição emocional é “A crise dos pisca-piscas”.

Somam-se todos os pensamentos de incompetência, desilusões, tempo perdido, metas não cumpridas mais a distância do colo de mamãe, saudade das tradições precedentes natalinas, incluindo a própria montagem da árvore de natal e das luzinhas espalhadas pela casa, acrescentando ainda a falta de dinheiro para poder esbanjar comprando a decoração de papai-noel, o Chester e o panetone.

Apesar dessa nuvem de trevas que não deixa o calor afagar e nem a neve cair de vez, permanecendo esse clima monótono mórbido, quando eu vejo pela janela e enxergo a árvore de natal do vizinho com todas as cores piscando, consigo imaginar ao olhar para a lareira ao meu lado, o bom velhinho vestido de vermelho descendo por ela espalhando a poeira misturada com cinzas, trazendo uma única luz branca de esperança que me fará acordar para a vida real.

É, chegou o Natal.






Nenhum comentário:

Postar um comentário