quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Me despindo

Esse foi mais ou menos o caminho que passei até chegar aqui nesse quarto em que resido na atual conjuntura irish da vida.

Me sinto completamente nua e desarmada ao escrever e expor meus sentimentos nesse canal.

Mas logo percebo que são só mais algumas palavras de uma humana no mundo calejado por sentimentalismo e que negativamente não influenciará.

Na verdade eu sempre quis aparecer de alguma maneira, sempre almejei o sucesso, ou que as pessoas me admirassem por algum segundo. 

Mas nunca tive isso como objetivo de fato, e muito menos coragem de sair da minha zona de conforto para que isso acontecesse. Afinal quando queremos muito ser amados a inveja e o ódio aparecem ao redor. E eu nunca aceitaria numa boa uma crítica negativa. Ficaria realmente frustrada e deprimida.

Talvez por isso sempre banquei de quietinha, meiguinha, e comum. Sem pretensões de atrair os holofotes, pois nunca acreditei realmente no meu potencial para isso. Ou seja, se nem mesmo nós acreditamos em nós mesmos, isso já é um muro gigantesco que construímos como barreira a ser vencida.

Mas eu gostaria muito de chamar a atenção de todos um dia, e mostrar que atingi um sucesso. Quero dizer, não de todos e sim da minha família. Acho que isso pode se resumir em deixar meus pais orgulhosos.

Na verdade eu queria fazer algo útil que fosse influenciar de uma maneira positiva alguém, ou até mesmo ajudar fisicamente de alguma forma. Esse físico de que eu me refiro é de modo material, tocável, rentável e não a forma física corpórea da pessoa.

Meu nome é Fernanda Rafaela, tenho 26 anos, sou formada em publicidade, mas atualmente estou em standby da vida morando em Dublin, ou referida por mim como a Terra do nunca.

Onde nós humanos indecisos e indefinidos passamos um tempo de nossas preciosas vidas até que as respostas que precisamos encontrar caiam como um passe de mágica diante do nosso nariz.

Desde pequena eu me considero criativa. Criativa e solitária.

Sou filha única. Então me lembro de quando criança brincando sozinha de Barbie no meu quarto eu inventava as mais psicóticas histórias de ficção . Ou também brincando avulsa na casa da minha avó em Pinhais criando saborosas receitas culinárias com os temperos e plantas que ela cultivava no quintal. Das manhãs assistindo desenho animado e rabiscando os mais incríveis croquis de vestidos de festa ou roupas ocasionais.
Eu também tive uma fase musical, onde fazia aulas de teclado e ficava inventando letras de músicas para me distrair.

Dessa forma o destino me empurrou intuitivamente para a publicidade.

Na verdade quando eu passei no vestibular em Foz do Iguaçu aos 16 anos de idade, eu ainda não tinha noção do que significava propaganda. Escolhi esse caminho, pois minhas amigas haviam marcado essa opção de curso e na leitura rápida sobre o tema no folder eu achei bacaninha. Ou seja, na maior Maria indo com as outras, coloquei um x em PP.

Continuando na onda do destino desde cedo eu quis segui-lo e morar fora de Foz do Iguaçu.

Meu sonho principal era São Paulo ou o mundo. Então também prestei vestibular em Londrina, para Design de moda na UEL, que era o que realmente eu queria fazer na época, a cidade não era uma grande capital, mas já era longe do alcance visual dos meus pais.

Claro sempre fui uma aluna mediana, apesar de adiantada na idade, não me lembro de ter uma única matéria que fosse o meu forte no colégio. Logo despreparada não passei na faculdade estadual.

Cai de gaiata na comunicação social da publicidade e propaganda, no marketing, no atendimento, na produção de rádio e TV, na criação.

Mesmo durante a faculdade, ainda queria sair de casa, então pensei em transferir meu curso para uma universidade em Curitiba, mas não ganhei muito apoio dos meus pais. Decidi então dessa vez com o apoio deles, que faria um intercâmbio de férias. Fiz meu passaporte, mas tudo o que consegui arrumar foi um namorado, postergando mais uma vez o meu içar de asas para longe de casa.

Com vinte anos eu já estava formada, tinha um carro 1.6, ganhava pouco, mas trabalhava na área, era uma pequena produtora da cidade onde eu fazia de tudo um pouco, e na parte pessoal eu tinha encontrado um amor para chamar de lindo e dedicar o meu coração.

Logo que formada, surgiu um novo desafio, interpretar em Libras para um menino surdo que havia entrado na faculdade no curso de publicidade e propaganda. Eu aceitei e fui lá fazer minha segunda faculdade de PP.

Minha mãe desde que casou e se mudou para Foz trabalha em uma escola de Surdos, com tudo eu aprendi a linguagem de sinais lá na Apasfi convivendo com os Surdos e no curso de Libras que me formei.

Mas foi meio que trabalhando e meio que cursando a segunda vez a faculdade, que finalmente eu entendi os Ps de Kotler a pirâmide de Maslow e me apaixonei pelo marketing. Nessa mesma época fiz um MBA em gestão empresarial. Mas nunca cheguei a exercer nenhum trabalho profissional nessa área. Seria ou talvez será o próximo step.

Foram então mais quatro anos reprisando e claro interpretando o curso de publicidade que quando chegou ao fim, eu me sentia a própria residente no assunto.

E como disse Vinicius de Moraes “um grande amor só é grande se for triste” também veio ao final minha estória de seis anos de amor.

Então estava eu com vinte e quatro anos de idade, trabalhando como design gráfico em uma ONG fazendo os materiais mais simples possíveis, recém-formada em Publicidade, porém, não tão recém assim, com o coração e a mente atordoados e se sentindo perdida e livre ao mesmo tempo.

Finalmente com apoio total dos pais para sair de casa vim então parar em Dublin para me encontrar, ficar comigo mesma e conhecer o mundo.

E da parte mais difícil de sair de casa, se virar sozinha em um lugar desconhecido com uma língua estranha e uma cultura diferente foi ter que lidar comigo mesma sozinha em meu mais intrico ser existencial, o mundo exterior foi até que caloroso apesar do inverno.

E nesse frio dezembro de 2015, faltando menos de 15 dias para o ano que vem, eu sigo com o aquecedor ligado desenhando meu mapa.


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