E apesar de termos inúmeros adjetivos para o classificar, na
maioria das vezes não sabemos explicar a brutalidade que sentimos ao vivenciar
um.
Como já disse Vinicius de Moraes, repetido por Jobim e
provado por Chico, “Um grande amor só é bem grande se for triste”.
No início, é aquela alegria sem tamanho que quer explodir seu peito com
um sopro forte de dentro para fora, expandindo contra a pele, contra a razão, contra a sociedade.
E
não mais que de repente, vira dor absurda, de sufocar a garganta, apertar o
peito em caminho oposto, comprimindo o coração como se fosse triturá-lo até ao pó.
É rezar para passar, para parar de doer, mas também é acreditar e ter
esperança que ele vai reacender reviver, sobreviver e voltar a arder, porque o
maior sofrimento é extingui-lo e ser obrigado a ter que deixá-lo ir, morrer.
É quando todos os sinais dizem não, até as placas de
sinalização apontam a distância, a diferença, a discrepância e o dilema de
seguir enfrente com essa loucura de amar.
Mas a pele, as pernas, o peito, o pescoço desejam, latejam,
almejam o outro do par.
É ver que as cores do arco-íris que te deram sentido, alegria
e direção, desbotassem de repente, voltando ao cinza escuro e ao cinza claro, os
tons da rotina.
E lá vem outra vez o Vinicius não mais que de repente me
frustrar ao dizer que o poeta só é grande se sofrer, mas, que viver sem ter
amor não é viver.
E se eu sobreviver mais uma vez a esse pesar, e eu sei que vai passar, amar outra vez não será mais questão.
Sabe aquela sensação de alegria sufocante que parece que vai
explodir dentro do peito e fazer voar? Que te faz rir sem parar até querer
chorar? Onde a gratidão inunda seu corpo e seu vocabulário, e a palavra mais
pensada e pronunciada para a vida é obrigada.
Assim me sinto, quando realizo um
sonho.
Depois de alcançado, fica aquela espécie de amor platônico do
sonho realizado. A sensação de ter sido perfeito se eternizando no imaginário.
E até agora nenhum desses sonhos foi de possuir algo de
concreto e sim, vontade de estar, participar e vivenciar alguns lugares que por
algum motivo não identificado foram se alojar em minha mente.
Por exemplo, conhecer a Eslovênia. Ou querer assistir o jogo
do botafogo no Rio de Janeiro.
Afinal por que cargas d’água uma menina do interior do
Paraná queria conhecer um país tão pequeno e desconhecido como a Eslovênia e
ainda mais inexplicável torcer por um time carioca, que nem é tão famoso assim,
sem ter a influência de um único familiar ou amigo.
Bem lá no fundo, Freud¹ deve explicar as razões desses
sonhos, assim como Peirce² explicaria as reações desses fenômenos.
Os signos que representam algo em nosso consciente através
das informações repassadas por outras pessoas ou até mesmo adquiridas à
distância sobre certo lugar sempre será diferente da expectativa que geramos
quando vivemos a experiência presencial.
Essa é a minha conclusão sobre os lugares
históricos e famosos que passei no ano de 2016.
Foram pelo menos 20 cidades diferentes que passei e minhas expectativas
formadas por conhecimento adquirido através de livros, internet ou opinião e
conselhos de conhecidos não bateram com a realidade que gerei ao conhecer de
fato, presencialmente cada um dos lugares.
Não basta simplesmente alguém falar que o lugar é
maravilhoso, pois a concepção de beleza significante que faremos será
imensamente desproporcional com a percepção vivenciada, isso graças ao elemento emoção.
A singular compreensão absorvida por cada indivíduo
sobre o lugar visitado terá grande influência devido ao estado de espírito e/ou
humor presentes naquele determinado momento.
Uma boa dica é ter a cabeça aberta sem preconceitos para
absorver com leveza a cultura do novo, isso fará toda a diferença para formar
uma boa e positiva opinião. E com certeza a diversão será maior.
Por isso viajar, explorar e vivenciar são bons investimentos
de aprendizagem. Além de relembrar as aulas de história do colégio, o mapa Mundi
começa a fazer mais sentido na mente, ganhando ou até aperfeiçoando seu significado.
Antes de tudo, resolvi escrever sobre esse tema pois iniciei um curso sobre vinhos no SENAC em Foz do Iguaçu, e pasmem, estou adorando!
Pois bem, vamos à história.
Eu nunca fui uma fanática por vinhos, já tomei algum porre
daquele barato que vem no garrafão de cinco litros e é docinho.
No início o
seco não me agradava muito, e eu só sabia que o tinto deveria vir acompanhado
de carnes vermelhas e massas, e o branco, frutos do mar.
Meus réveillons e
natais sempre foram regados a “champanhe”, a mais barata, com copos de plásticos
para não quebrar ao pular as sete ondas no mar da enseada em são Chico.
Para jantares mais românticos onde não necessariamente o
doce seria a sobremesa, o vinho também fora sempre bem vindo.
Mas, tudo começou de fato, quando eu tinha 15 anos de idade e
me apaixonei a primeira vista por um menino do colégio, fui tentar descobrir o
nome dele, e era um nome novo para mim, eu não sabia nem escrever, ao tentar procurá-lo
na internet, naquela época discada ainda, eu digitei wine, e vi que o significado era vinho em inglês. Creio que foi
nesse momento que o vinho tornou-se um signo com significante e significado,
por mais errado que fosse, em meu consciente. Depois de algum tempo descobri a grafia
correta do nome do menino, era Wayne.
Pois bem, com a vinda dos 18 anos, quando legalmente podemos
começar a beber álcool, e nós meninas que normalmente não somos muito fã ainda
do gostinho amargo da cevada optando pela smirnoff ice, acabei tomando meu
primeiro porre de vinho, e jurei que jamais tomaria aquela coisa doce outra vez
por toda a minha vida.
Após esse incidente minha preferência migrou para o branco de
mesa, que continuava doce, um pouco mais ácido talvez, porém com moderação.
Ao fazer as compras para o jantar romântico no mercado, eu
dava prioridade ao vinho chileno, pois não era europeu, mas era importado e não
era aqui dos vizinhos argentinos, custava na faixa de R$40,00, valor que na
época era muito significativo para uma simples bebida e para o meu bolso, ou seja,
eu sabia muito de vinhos!
Fui morar no velho continente, o pai dos vinhos, e claro,
passei a ter muito orgulho e prazer em tomar um bom vinho Europeu acompanhado por
renomados queijos (do Lidl e Aldi).
Meu critério de escolha da garrafa era de ser
espanhol ou italiano, fechado por rolha, ser de uma safra anterior pelo
menos ou mais antiga ao presente ano e estar na faixa dos 7 a 12 euros.
Porém, meu crivo final decisivo entre os que estavam dentro
dos padrões Fernanda Rafaela de consumo, era a embalagem.
Continuei na Irlanda, mas desta vez, no interior morando com
uma real família Irlandesa que costumava consumir duas garrafas de vinho no mínimo
por semana, isso equivalia a uma taça de vinho por noite. E minha maior
perplexidade foi ver que praticamente todos os vinhos que compravam eram
chilenos ou argentinos.
Além de achar estranho o hábito da família européia em não
apreciar seus vinhos, pensei naquele velho ditado popular o qual nos diz que
realmente não damos valor em coisas que estão perto, debaixo de nossos narizes.
E claro que fiquei orgulhosa e enaltecida em dizer à família Irish que eu morava em Foz do Iguaçu, divisa com a Argentina!
Se passado o tempo, voltei para Dublin e fui morar em um
antigo mosteiro que parecia mais um castelo de princesa, e lógico eu me sentia
a princesa do reino encantado. Nada mais justo que tomar espumante para
comemorar os finais de semana no Magic King
dom, foi ai que me apaixonei por Prosecco
e Cava. Isso, pois descobri que champanhe era o
tipo de um vinho espumante Frances que não era para o meu bolso.
Mas, foi na França onde descobri que eu nasci para tomar
Rose e comer camembert.
Na Espanha e em Portugal eu bebi muita sangria, e descobri o
quanto o vinho pode ser refrescante e apreciado em pleno verão. E que o tão
famoso vinho do Porto é bem diferente do que eu imaginava, ele é licoroso e não
se deve beber em grande quantidade, devemos apreciá-lo como aperitivo ou após
uma refeição com sua função digestiva.
Já no Leste europeu em pleno inverno o que mais me manteve
quente e com disposição para explorar Vienna, Praga e a Cracóvia foi o vinho
quente ou Hot wine, ou seja, o nosso quentão, com cravo e canela igual aos das
festas juninas do Brasil.
Quando eu resolvi ir para Itália, confesso que fiquei
preocupada com minha sofisticada maneira de escolher e saber combinar o vinho
com a refeição em um restaurante, e pedi para uma amiga italiana sua sugestão,
ela me disse então para em todos os lugares pedir o Vino della casa. E foi o que eu fiz, sempre que o garçom vinha
anotar meu pedido eu falava meio com sotaque espanhol: - I would like a “vino della casa” please.
Outra vez que fiquei perplexa foi quando eu estava na casa
de um sommelier italiano em plena toscana com vários parreirais ao redor e ele
abrindo um vinho importado. Adivinhem de onde? Chile. Logo estupefata perguntei
o porquê não tomávamos o vinho produzido ali, e ele me disse que não queria ter
dor de cabeça no dia seguinte. Foi ai
que realmente eu compreendi que os R$40,00 gastos em vinho chileno para meus
jantares românticos do passado haviam sido certeiros.
Enfim, essa foi a minha história com vinhos até a semana
passada, onde totalmente leiga sobre o assunto eu era.
Agora estou começando a aprender sobre esse mundo. Produção,
cuidados de armazenamento, tipos de uvas, nome dessas uvas, região de produção,
cores, aromas, tempo e prazo de validade, e aqueles vários adjetivos cheios de
frescuras que usamos para classificar e qualificar o vinho.
E do pouco que aprendi até o momento e que me fez cair da cadeira foi descobrir que é um mito dizer que o vinho quanto
mais velho melhor fica, isso mesmo caro colega, o vinho tem prazo de validade! Logo
percebi que as garrafas que tenho em minha casa devem ser consumidas com urgência.
Há dois
anos, antes de embarcar para o meu intercâmbio na Irlanda, eu tinha algumas
dúvidas. Então as enviei em um email para um rapaz de uma cidade vizinha a
minha no Brasil, que já havia feito o mesmo esquema de intercâmbio que eu iria
fazer, de seis meses estudando inglês em Dublin mais seis meses de férias.
Percebo que minha
preocupação era em poder continuar com alguns hábitos saudáveis que seguia no
Brasil, e sobre questões que podemos as chamar de acessibilidades.
Eu
estava prestes a mergulhar em uma cultura totalmente diferente que a minha em
um território desconhecido e com a dificuldade de comunicação que a língua me
impunha.
E estava preocupada em
manter uma rotina que mais tarde eu aprenderia que para mantê-la não dependeria
do meio em que se vive e sim de nós mesmos. 24 meses se passaram, e após ter a experiência de morar na Irlanda e vivenciar cada uma das minhas dúvidas passadas, faço das respostas do meu colega as minhas!
Logo
abaixo seguem as perguntas com respostas tais quais foram questionadas e
replicadas em fevereiro de 2014. Em preto enumeradas de 1 a 20 as minhas perguntas e em vermelho as respostas do Diegon.
Se eu
pensar bem devo ter mais perguntas hahaha, mas por enquanto essas são as mais
pertinentes na minha cabeça! Muito obrigada!
1- como é a comida? Tem frutas? Saladas? Legumes?
Tem sim.
Os mercados lá são muito parecidos com os nossos em questão de produtos.
La a
batata ´o alimento mais consumido, devido a abundancia e a história dos
Irlanda.
Existe
um mercado só com congelados, pelo que percebo vc vai fugir desse lugar
hehehehe mas eu comi muito,
prq é
barato e gostosos, porém enjoa.
Existe
lojas de produtos brasileiros que vendem produtos mais tipicos, como: feijão,
erva de chimarrão, bis, etc. (o que não tem nos mercados de lá)
2-
e o frio? Da pra aguentar?
O frio
que eu passei lá foi intenso, teve dias que eram chuva, vento, gelo tudo vindo
direto no meu rosto uhauhauahuah
Não
precisa comprar casacos aqui, só leve se vc já tiver, impermeável e com toca
Guarda-chuva não resolve só te irrita hehehehe
Se você
morar em um lugar onde o aquecimento é bom vc não vai sofrer, de preferencia
que tenha agua quente tb, inclusive na torneira do banheiro. Geralmente tem em
todos os Aptos, mas as vezes pode não tem tudo isso.
3- Você já tinha inglês quando foi pra lá?
Não
falava, digo isso prq la eu percebi o que é o inglês de verdade, e que muitos
brasileiros que dizem que falam inglÊs aqui, não falam.
4- Foi fácil passar na imigração?
é Facil,
mas pra mim não foi, prq eu vacilei hhihihihihih
5- E abrir a conta no banco?
O que
foi ótimo ´que a escola que eu fui deu todo o suporte pra isso, fomos ao banco
em grupo, assim como para conseguir o PPS (permissão de trabalho)
6- Arrumou emprego lá? Não arrumei, prq não quis. Mas tem emprego sim. A
irlanda foi o primeiro país asair da crise, isso à 3 meses, então, deve ta bem
melhor agora.
7- Tem ervas e chás para comprar lá? Tipo lojas igual a Pomare aqui em foz? Com grãos.
(Chia, quinoa, linhaça...)Sim tem!
ja fui cliente de uma.
8- Os irlandeses são boas pessoas? Amigáveis?
Os
irlandeses são muito gente boa, que Dublin é capital com estilo de interior,
então o pessoal é bem amigável.Porém lá
existe muito mais pessoas de fora do que irlandeses (me refiro a Dublin City
Center).
9- Você foi assaltado alguma vez?
Não.
10- Você levou os euros em cash ou em cartão?Tudo em Cash e cartã ode credito do brasil. Mas
aconselho vc levar pelo menos 1500 euros em cash e o restante em Travel Card.
11- Foi fácil arrumar moradia? Foi.
12- E fazer amizade na escola? Os brasileiros que chegam estão sempre no mesmo
barco, então é facil de arrumar "amizades".
13- Foi em shows por lá? Fui em show de não famosos, show de blues, jazz.
Geralmente acontece em um parque e é free.Mas tem
shows famosos e muitos.
14- Viajar pela Europa é realmente barato?
Digamos
que pra quem ganha em euros é muito barato.
A gente
que chega lá com o real cambiado em euro não tao barato, mesmo assim é muito
mais barato viajar la d oque aki no Brasil.
e o
melhor, tudo é perto. Duas horas vc ta em Barcelona por ex. 1 h em Londres (não
fui pra londres) :(
15- Roupas? Coisas no geral, é barato mesmo? Mesmo com o euro absurdamente
alto?
Siiiimm,
muitoo, eu em arrependi de não ter trazido mais roupas, aki esta um absurdooo,
jesus. Lá é realmente muito barato. Lá tem a famosa Pennys que ´como se fosse
Riachuelo daqui, mas muito mais barato. E tem Zara, que é digamos como o preço
de roupas aqui, um pouco mais barato ainda, mas a qualidade ´incomparavel.
Roupas da estação e da europa hehehehe
16- Hoje seu inglês esta super fluente?
Vc ira
mudar seu conceito de Fluente hehehe Mas eu falo bem sim, assisto filmes em
ingles sem legendas por ex, alguns filmes q tem vocabulario mais tecnico eu
coloco legendas em ingles.
Mas o
ingles que eu quero eu preciso estudar mais, quero fazer esses exames de
nivelamento mundiais: TOELF, ESOL etc... pra fazer outra facul fora ou
mestrado. Inglês nunca deve parar de aprender, estudar.
17- Da vontade de dormir toda hora por causa do frio?
Sim e
muito, eu dormi muito mesmo, eu estudava a tarde, oq é um veneno prq perde boa
parte do dia. Estude de manha, ´ruim acordar no frio? é mas vc ira aproveitar
mais seu intercambio e ja vai se habituar quando conseguir trabalho.
18- Tem academias lá? Tem variam de 35 à 50 euros o mês
19- Você engordou ou emagreceu com o intercâmbio? Rsrsrs
Engordei,
mas não na irlanda, engordei na Suíça que foi pra onde eu fui depois dos 6
meses na Irlanda.
20- Você precisou ir a algum hospital? Ficou doente lá? Como foi?
Fiquei
doente, não fui no hospital. Mas com o seguro saude é facil.
Um dia eu fui embora do Brasil, desta vez estou partindo da
Irlanda, eu já sai do colo da mamãe dos braços no antigo namorado, da casa da
amiga, e essa constância muitas vezes é dolorida, deixa cicatrizes com muitas
saudades.
Quando nos despedimos de algo, na verdade queremos que aqueles
últimos segundos não existam. Pois de fato não há mais tempo para mudar,
aproveitar ou intensificar algo.
Aqui analisando tudo de costas, sem pensar no próximo passo,
mas sim em todas as pegadas deixadas.
Poderia ter sido tudo diferente, poderia ter sido bem
melhor. E graças as forças divinas do destino, o meu me manteve viva para
partir novamente.
Gratidão continua sendo o substantivo escolhido para o
passado.
Acabei de perceber como eu adoro uma contagem regressiva.
Ela pode ser encarada como uma motivação, um momento probatório,
um planejamento, ou somente a ansiedade mesmo tomando conta da cabeça.
Pois bem, dessa vez essa regressiva é para os meus 27 anos
de vida completos.
Da para imaginar que dez anos atrás eu estava no meu
primeiro ano de faculdade? Não!
Eu sempre achei divertido fazer aniversário por conta da
comemoração, dos presentes, do suco de laranja e dos morangos na cama, da
cartinha e do dinheiro dado pelos pais, da escolha do primeiro pedaço de bolo,
dos telefonemas da família, do abraço dos amigos.
Mas sempre me entristeceu o fato de ficar mais velha e o
fardo que é imposto por isso.
Acho que o primeiro grande baque acontece aos 6 anos quando
temos idade suficiente para entrar no primário.
O segundo trauma vem aos 12 anos quando somos apelidados
pela primeira vez de adolescentes, porém ainda brincamos de casinha.
Aos 15 anos somos apresentados para a sociedade e é
geralmente onde iniciamos a nossa fase de baladas com uma grande festa de
arromba e talvez nosso primeiro experimento alcoólico.
Aos 18 anos já somos maduros o suficiente para tomarmos as decisões
mais assertivas da vida (só que não) e a pressa de vivê-la é tamanha que já
planejamos nossas carreiras, casamentos, idade para ter filhos e quando nos
aposentaremos.
Chegamos aos 20 e definitivamente nos definimos como adultos
e independentes.
Outro grande baque na vida é aos 25 anos quando nos achamos
velhos para o mercado de trabalho, velhos para o intercâmbio, velhos para
encontrar o amor da nossa vida e mal percebemos que acabamos de sair das
fraldas e do colinho dos nossos pais.
E agora aos 27 cai a ficha que eu vivi mais da metade da
metade da minha vida (estimada em 100 anos). E fui muito feliz nesse meu
primeiro ¼.
E que apesar da sociedade me mandar ter um emprego público e
estável, casa própria, marido e filhos eu como uma menina rebelde calço meu
sapato sem um destino criado. Ele é só sonhado e intuitivo.
Paris é uma cidade apaixonante e com uma atmosfera
embriagantemente romântica, não é a toa que muitos casais escolhem a capital
francesa e seus arredores para uma viagem a dois.
Eu fui sozinha, felizmente.
E agora contarei uma história real com o maior clima de Once upon a time ou de roteiro de Woody
Allen. Tentarei passar com os detalhes a noite tão fascinante que protagonizei
lá, em Paris.
Não me considero uma das mais românticas princesas do reino
encantado, mas confesso que sonho com o príncipe vindo montado em seu cavalo
branco derretendo o feitiço que transformou meu coração em pedra.
Uma bela sexta-feira de dezembro, após passar o dia inteiro
pedalando e explorando a capital do vinho Rosé, tive o prazer de brindar a vida
estourando um original champanhe aos pés da Torre Eiffel iluminada em uma noite
estrelada de inverno.
Em minha companhia estavam uma Australiana e uma Texana, sem
taças em mãos dividimos as três uma garrafa e uma brincadeira.
Sentadas em um dos bancos em frente à torre, passávamos a
garrafa em sentido horário uma para outra. A cada gole que dávamos, a menina da
vez deveria contar um segredo sobre si que ninguém sabia e tão pouco saberia
depois dali.
Já embriagadas pela beleza da torre a meia noite, resolvemos
pegar o último metrô para o hostel que nos hospedava.
Chegando lá, a texana cansada foi dormir e eu e a australiana
fomos fazer um piquenique de Doritos com bolacha de chocolate nas mesas do
ambiente.
Minha colega Aussie,
carismática e amigável, em um ato benevolente, mas com intuito de conhecer
novas pessoas e fazer amizade, começou a andar pela área em comum do hostel
oferecendo bolachas de chocolate para quem estivesse por lá.
Após o surto de altruísmo da minha nova bff, as duas alteradas mentais foram jogar pebolim por volta das duas
da manhã.
Antes mesmo do final da minha primeira partida oficial de
totó da vida, representando o Brasil contra a Austrália, aproximaram-se três
robustos jogadores Italianos querendo um amistoso misturado entre todas as
seleções ali presentes.
Dividimos então os times, três jogadores contra dois, e
claro eu fiquei no time desfalcado.
Batalhamos até as mãos não aguentarem mais rodar os tacos.
Convidaram-nos então para sentarmos juntos ao restante de seus colegas para uma
boa prosa multicultural.
E ali demos muita risada, mandamos mensagens para minha
flatmate italiana, trocamos curiosidades sobre nossas culturas e foi uma noite
extremamente agradável.
Eram ao menos quatro rapazes e uma moça. Eu pude conversar a
vontade com quase todos, como sempre existem exceções, eu travava perto de um bello ragazzo.
Ele era dono de um par de olhos azuis esverdeados tão
cristalinos e brilhantes quanto o mar refletindo o céu das maldívias em suas
águas. E quando os seu olhar repousava sobre mim, ou ainda mais complicado, encontrava-se
com o meu, eu corava como um pêssego maduro.
Eu me sentia tão amedrontada como se ele estivesse me
despindo e pronto para descobrir todos os meus segredos. Então eu simplesmente
evitava, desviava, fugia para que as borboletas não chegassem a bater asas no
meu estômago.
Mais de quatro horas da manhã, quando voltava de uma das
minhas idas ao banheiro, parei no meio do caminho para conversar com um chinês
muito simpático, que a propósito mora no Canadá e estava dando um role pela
Europa. Ali resolvi ficar (ou me refugiar das flechas do cupido) agregando um
pouco mais de conhecimento de mundo à minha vida.
Já eram cinco quando avistei a seleção da azurra deixando o
campo de batalha. Como boa samaritana fui me despedir deles.
Um dos rapazes pediu meu Facebook como de praxe, para
mantermos contatos internacionais. Com um sorriso maroto em minha face, forneci
o código para o contato virtual e recolhi-me em meus aposentos.
Adormeci em meu andar térreo do beliche quase as seis da
manhã, mas eram oito e eu já estava de banho tomado devorando croissants com um
mapa em mãos delineando o novo trajeto daquele dia.
Programei em vão, tentei seguir o imaginado, mas eu estava
tão insuportavelmente mal-humorada de cansaço, que no meio da tarde resolvi
voltar para o hostel desmaiar.
Nesse tempo procurei meu príncipe encantado na página social
do Zuckerberg e claro com sucesso o adicionei e fui aceita.
Já deitada em minha cama real comecei a imaginar, alguns
podem ler profetizar, a bela noite romântica que eu gostaria de viver em Paris.
Ao entardecer depois de ter arrumado minha mala, pois
teria que partir de madrugada no dia seguinte, eu e Samantha fomos desvendar a
noite supostamente agitada da Praça da Bastilha, tivemos um bom jantar, porém
desta vez não aguentamos prolongar o passeio noturno voltando mais cedo do que
imaginávamos para o hostel.
Era sábado de noite e estávamos sentadas na área comunitária
conversando com um Irlandês. Eu estava achando o máximo a Samantha inglesa falante,
pedindo desculpas (sorry) no final de cada frase, pois ela não conseguia
entender claramente o sotaque irlandês do rapaz.
Não mais que de repente, sou surpreendia por uma mensagem no
celular dizendo: - hey, nós vamos abrir a última cerveja, gostaria de se juntar?
E em menos de dois minutos eu já estava aonde eu queria estar e ainda quase
flutuando de tantas borboletas que existiam e insistiam em borboletar dentro de
mim.
Conversávamos e gargalhávamos todos juntos, daquele jeito gesticulador
expansivo que só os italianos conseguem expressar, até que por uma força do
destino a cerveja acabou.
Nesse parágrafo do conto, o Woody Allen escreveu que o
Italiano sedutor me convidaria para comprar as cervejas junto com ele.
O mais engraçado de tudo, é que eu já havia previsto, ou
melhor, lido aquela página horas antes, à tarde em meu descanso. A partir daí
eu já sabia o roteiro de cor, inclusive o final do filme.
Saímos do hostel com a suposta missão de buscar cervejas. Para
isso, meu colega de compras deveria passar em um caixa eletrônico sacar
dinheiro. Desta maneira subimos até uma larga avenida nas proximidades.
Já era quase meia noite.
Esse bairro que estávamos hospedados fica na região do
Moulan Rouge que eu já visitara outra noite e também de uma igreja turística
famosa chamada de Sacré-Couer, essa eu ainda não havia conhecido e não tinha
certeza se conheceria, pois aquelas eram as minhas últimas horas na capital
francesa.
Tive a brilhante ideia de perguntar para meu colega onde
exatamente ficava e se ele já havia estado nessa igreja. Ele simplesmente
apontou para as frestas entre os prédios em nossa frente, podendo eu então
avistar a iluminada capela no alto do morro, e afirmou que já estivera no local
no dia anterior.
Mas eu queria ver mais de perto e comecei a andar em direção
ao morro da igreja, como em um conto de fadas começamos a correr juntos,
atravessando as ruas e as estreitas e íngremes vielas parisienses parando
somente quando não existiam mais obstáculos em minha vista.
Com uma voz doce, ofegante e manhosa completamente
persuasiva, pedi que postergássemos nossa missão alcoólica para que finalmente
eu pudesse conhecer o último ponto turístico da cidade que meus amigos haviam
me recomendado.
A igreja fica no alto de um morro, para ir até lá é preciso
subir milhares de lances de degraus ou pagar algumas moedas e usar o bonde.
Resolvemos ir de bonde, pois a corrida e o clima de romance
já haviam nos arrancado muito fôlego.
O tempo da subida no bondinho foi rápido, menos de dois
minutos eu acho, e bem no meio da subida existe um pub irlandês com direito as
cores laranja e verde e ainda o trevo da sorte. A propósito o pub estava lotado
e parecia bem animado.
Ao chegar ao alto do morro, desembarcando do bonde, minha
primeira visão foi para a bela Igreja iluminada.
Logo em seguida me deparei com Paris inteira também
iluminada.
Tímidas lagrimas escorreram pelas minhas bochechas, meu
coração parecia que iria explodir de tanto amor que pulsava no meu peito, ao
mesmo tempo que eu estava excitada em poder apreciar aquela vista magnífica em
uma noite estrelada com um clima agradável e ainda mais com uma boa companhia,
a paz tomou conta do meu corpo e me fez sentir dentro de uma bola de sabão
flutuando no espaço.
Eu só conseguia pensar em uma palavra. Gratidão.
Depois de criar um mapa mental em minha frente e ir
localizando cada ponto da cidade em que eu estivera nos dias anteriores meu
par, resolveu registrar aquele momento com uma selfie de nós dois e as luzes de
Paris ao fundo.
Bom, nesse momento nos aproximamos o suficiente para o
enquadramento da foto. De frente para a igreja, de costas para a cidade,
olhando para a lente do telefone.
E como quem já soubesse a próxima cena, permaneci em minha
pose até que ele deu um passo posicionando-se diante a mim e me beijou.
Depois dali o sorriso de orelha a orelha tomou conta do meu look.
Passamos no irish pub tomar uma Guinness, descemos as escadarias
de mãos dadas correndo. Fizemos o caminho de retorno para o hostel saltitando
iguais dois embriagados, dançávamos no meio da praça, girávamos, beijávamos exalávamos
paixão.
De volta ao hostel, passamos o restante da madrugada
conversando e trocando curiosidades distintas e em comum sobre nossas culturas.
Quando chegou cinco horas da manhã, fiz o check out no
hostel, peguei minha bagagem e ele me acompanhou até a estação de metro.
Os sorrisos haviam desaparecido assim como as palavras. Não conversamos
sobre a despedida e muito menos sobre reencontros. Não conversamos sobre nada. Como
se tivéssemos gastado toda nossa felicidade e alegria horas antes. O cansaço e
a tristeza tomava conta de nossos semblantes.
Assim como ele agradeceu a noite, eu também agradeci por ter
me levado até o alto da Sacre-Coeur, ter ficado a noite inteira comigo e ainda
me acompanhado ao metrô.
Despedi-me dizendo que ele estaria para sempre na minha
mente como o meu amor italiano platônico em Paris.
E o meu conforto e romantismo vem da sabedoria popular
brasileira que me ensinou que “Amor de praia não sobe serra” e que “todo
carnaval tem seu fim”.
Na pele eu descobri o motivo do filme meia-noite em Paris ter
ganhado tantas premiações no Oscar.
E segue aqui nesse link um pouco do dia mágico, gravado em snapchat, que descrevi aqui encima. :)