Antes de tudo, resolvi escrever sobre esse tema pois iniciei um curso sobre vinhos no SENAC em Foz do Iguaçu, e pasmem, estou adorando!
Pois bem, vamos à história.
Eu nunca fui uma fanática por vinhos, já tomei algum porre
daquele barato que vem no garrafão de cinco litros e é docinho.
No início o
seco não me agradava muito, e eu só sabia que o tinto deveria vir acompanhado
de carnes vermelhas e massas, e o branco, frutos do mar.
Meus réveillons e
natais sempre foram regados a “champanhe”, a mais barata, com copos de plásticos
para não quebrar ao pular as sete ondas no mar da enseada em são Chico.
Para jantares mais românticos onde não necessariamente o
doce seria a sobremesa, o vinho também fora sempre bem vindo.
Mas, tudo começou de fato, quando eu tinha 15 anos de idade e
me apaixonei a primeira vista por um menino do colégio, fui tentar descobrir o
nome dele, e era um nome novo para mim, eu não sabia nem escrever, ao tentar procurá-lo
na internet, naquela época discada ainda, eu digitei wine, e vi que o significado era vinho em inglês. Creio que foi
nesse momento que o vinho tornou-se um signo com significante e significado,
por mais errado que fosse, em meu consciente. Depois de algum tempo descobri a grafia
correta do nome do menino, era Wayne.
Pois bem, com a vinda dos 18 anos, quando legalmente podemos
começar a beber álcool, e nós meninas que normalmente não somos muito fã ainda
do gostinho amargo da cevada optando pela smirnoff ice, acabei tomando meu
primeiro porre de vinho, e jurei que jamais tomaria aquela coisa doce outra vez
por toda a minha vida.
Após esse incidente minha preferência migrou para o branco de
mesa, que continuava doce, um pouco mais ácido talvez, porém com moderação.
Ao fazer as compras para o jantar romântico no mercado, eu
dava prioridade ao vinho chileno, pois não era europeu, mas era importado e não
era aqui dos vizinhos argentinos, custava na faixa de R$40,00, valor que na
época era muito significativo para uma simples bebida e para o meu bolso, ou seja,
eu sabia muito de vinhos!
Fui morar no velho continente, o pai dos vinhos, e claro,
passei a ter muito orgulho e prazer em tomar um bom vinho Europeu acompanhado por
renomados queijos (do Lidl e Aldi).
Meu critério de escolha da garrafa era de ser
espanhol ou italiano, fechado por rolha, ser de uma safra anterior pelo
menos ou mais antiga ao presente ano e estar na faixa dos 7 a 12 euros.
Porém, meu crivo final decisivo entre os que estavam dentro
dos padrões Fernanda Rafaela de consumo, era a embalagem.
Continuei na Irlanda, mas desta vez, no interior morando com
uma real família Irlandesa que costumava consumir duas garrafas de vinho no mínimo
por semana, isso equivalia a uma taça de vinho por noite. E minha maior
perplexidade foi ver que praticamente todos os vinhos que compravam eram
chilenos ou argentinos.
Além de achar estranho o hábito da família européia em não
apreciar seus vinhos, pensei naquele velho ditado popular o qual nos diz que
realmente não damos valor em coisas que estão perto, debaixo de nossos narizes.
E claro que fiquei orgulhosa e enaltecida em dizer à família Irish que eu morava em Foz do Iguaçu, divisa com a Argentina!
Se passado o tempo, voltei para Dublin e fui morar em um
antigo mosteiro que parecia mais um castelo de princesa, e lógico eu me sentia
a princesa do reino encantado. Nada mais justo que tomar espumante para
comemorar os finais de semana no Magic King
dom, foi ai que me apaixonei por Prosecco
e Cava. Isso, pois descobri que champanhe era o
tipo de um vinho espumante Frances que não era para o meu bolso.
Mas, foi na França onde descobri que eu nasci para tomar
Rose e comer camembert.
Na Espanha e em Portugal eu bebi muita sangria, e descobri o
quanto o vinho pode ser refrescante e apreciado em pleno verão. E que o tão
famoso vinho do Porto é bem diferente do que eu imaginava, ele é licoroso e não
se deve beber em grande quantidade, devemos apreciá-lo como aperitivo ou após
uma refeição com sua função digestiva.
Já no Leste europeu em pleno inverno o que mais me manteve
quente e com disposição para explorar Vienna, Praga e a Cracóvia foi o vinho
quente ou Hot wine, ou seja, o nosso quentão, com cravo e canela igual aos das
festas juninas do Brasil.
Quando eu resolvi ir para Itália, confesso que fiquei
preocupada com minha sofisticada maneira de escolher e saber combinar o vinho
com a refeição em um restaurante, e pedi para uma amiga italiana sua sugestão,
ela me disse então para em todos os lugares pedir o Vino della casa. E foi o que eu fiz, sempre que o garçom vinha
anotar meu pedido eu falava meio com sotaque espanhol: - I would like a “vino della casa” please.
Outra vez que fiquei perplexa foi quando eu estava na casa
de um sommelier italiano em plena toscana com vários parreirais ao redor e ele
abrindo um vinho importado. Adivinhem de onde? Chile. Logo estupefata perguntei
o porquê não tomávamos o vinho produzido ali, e ele me disse que não queria ter
dor de cabeça no dia seguinte. Foi ai
que realmente eu compreendi que os R$40,00 gastos em vinho chileno para meus
jantares românticos do passado haviam sido certeiros.
Enfim, essa foi a minha história com vinhos até a semana
passada, onde totalmente leiga sobre o assunto eu era.
Agora estou começando a aprender sobre esse mundo. Produção,
cuidados de armazenamento, tipos de uvas, nome dessas uvas, região de produção,
cores, aromas, tempo e prazo de validade, e aqueles vários adjetivos cheios de
frescuras que usamos para classificar e qualificar o vinho.
E do pouco que aprendi até o momento e que me fez cair da cadeira foi descobrir que é um mito dizer que o vinho quanto
mais velho melhor fica, isso mesmo caro colega, o vinho tem prazo de validade! Logo
percebi que as garrafas que tenho em minha casa devem ser consumidas com urgência.
E aí? Partiu tomar um vinho?
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