domingo, 18 de setembro de 2016

Vinhos

Antes de tudo, resolvi escrever sobre esse tema pois iniciei um curso sobre vinhos no SENAC em Foz do Iguaçu, e pasmem, estou adorando!

Pois bem, vamos à história.

Eu nunca fui uma fanática por vinhos, já tomei algum porre daquele barato que vem no garrafão de cinco litros e é docinho.

No início o seco não me agradava muito, e eu só sabia que o tinto deveria vir acompanhado de carnes vermelhas e massas, e o branco, frutos do mar.

Meus réveillons e natais sempre foram regados a “champanhe”, a mais barata, com copos de plásticos para não quebrar ao pular as sete ondas no mar da enseada em são Chico.

Para jantares mais românticos onde não necessariamente o doce seria a sobremesa, o vinho também fora sempre bem vindo.

Mas, tudo começou de fato, quando eu tinha 15 anos de idade e me apaixonei a primeira vista por um menino do colégio, fui tentar descobrir o nome dele, e era um nome novo para mim, eu não sabia nem escrever, ao tentar procurá-lo na internet, naquela época discada ainda, eu digitei wine, e vi que o significado era vinho em inglês. Creio que foi nesse momento que o vinho tornou-se um signo com significante e significado, por mais errado que fosse, em meu consciente. Depois de algum tempo descobri a grafia correta do nome do menino, era Wayne.

Pois bem, com a vinda dos 18 anos, quando legalmente podemos começar a beber álcool, e nós meninas que normalmente não somos muito fã ainda do gostinho amargo da cevada optando pela smirnoff ice, acabei tomando meu primeiro porre de vinho, e jurei que jamais tomaria aquela coisa doce outra vez por toda a minha vida.

Após esse incidente minha preferência migrou para o branco de mesa, que continuava doce, um pouco mais ácido talvez, porém com moderação.

Ao fazer as compras para o jantar romântico no mercado, eu dava prioridade ao vinho chileno, pois não era europeu, mas era importado e não era aqui dos vizinhos argentinos, custava na faixa de R$40,00, valor que na época era muito significativo para uma simples bebida e para o meu bolso, ou seja, eu sabia muito de vinhos!

Fui morar no velho continente, o pai dos vinhos, e claro, passei a ter muito orgulho e prazer em tomar um bom vinho Europeu acompanhado por renomados queijos (do Lidl e Aldi).

Meu critério de escolha da garrafa era de ser espanhol ou italiano, fechado por rolha, ser de uma safra anterior pelo menos ou mais antiga ao presente ano e estar na faixa dos 7 a 12 euros.

Porém, meu crivo final decisivo entre os que estavam dentro dos padrões Fernanda Rafaela de consumo, era a embalagem.

Continuei na Irlanda, mas desta vez, no interior morando com uma real família Irlandesa que costumava consumir duas garrafas de vinho no mínimo por semana, isso equivalia a uma taça de vinho por noite. E minha maior perplexidade foi ver que praticamente todos os vinhos que compravam eram chilenos ou argentinos.

Além de achar estranho o hábito da família européia em não apreciar seus vinhos, pensei naquele velho ditado popular o qual nos diz que realmente não damos valor em coisas que estão perto, debaixo de nossos narizes.

E claro que fiquei orgulhosa e enaltecida em dizer à família Irish que eu morava em Foz do Iguaçu, divisa com a Argentina!

Se passado o tempo, voltei para Dublin e fui morar em um antigo mosteiro que parecia mais um castelo de princesa, e lógico eu me sentia a princesa do reino encantado. Nada mais justo que tomar espumante para comemorar os finais de semana no Magic King dom, foi ai que me apaixonei por Prosecco e Cava.   Isso, pois descobri que champanhe era o tipo de um vinho espumante Frances que não era para o meu bolso.

Mas, foi na França onde descobri que eu nasci para tomar Rose e comer camembert.

Na Espanha e em Portugal eu bebi muita sangria, e descobri o quanto o vinho pode ser refrescante e apreciado em pleno verão. E que o tão famoso vinho do Porto é bem diferente do que eu imaginava, ele é licoroso e não se deve beber em grande quantidade, devemos apreciá-lo como aperitivo ou após uma refeição com sua função digestiva.

Já no Leste europeu em pleno inverno o que mais me manteve quente e com disposição para explorar Vienna, Praga e a Cracóvia foi o vinho quente ou Hot wine, ou seja, o nosso quentão, com cravo e canela igual aos das festas juninas do Brasil.

Quando eu resolvi ir para Itália, confesso que fiquei preocupada com minha sofisticada maneira de escolher e saber combinar o vinho com a refeição em um restaurante, e pedi para uma amiga italiana sua sugestão, ela me disse então para em todos os lugares pedir o Vino della casa. E foi o que eu fiz, sempre que o garçom vinha anotar meu pedido eu falava meio com sotaque espanhol: - I would like a “vino della casa” please.

Outra vez que fiquei perplexa foi quando eu estava na casa de um sommelier italiano em plena toscana com vários parreirais ao redor e ele abrindo um vinho importado. Adivinhem de onde? Chile. Logo estupefata perguntei o porquê não tomávamos o vinho produzido ali, e ele me disse que não queria ter dor de cabeça no dia seguinte.  Foi ai que realmente eu compreendi que os R$40,00 gastos em vinho chileno para meus jantares românticos do passado haviam sido certeiros.

Enfim, essa foi a minha história com vinhos até a semana passada, onde totalmente leiga sobre o assunto eu era.

Agora estou começando a aprender sobre esse mundo. Produção, cuidados de armazenamento, tipos de uvas, nome dessas uvas, região de produção, cores, aromas, tempo e prazo de validade, e aqueles vários adjetivos cheios de frescuras que usamos para classificar e qualificar o vinho.

E do pouco que aprendi até o momento e que me fez cair da cadeira foi descobrir que é um mito dizer que o vinho quanto mais velho melhor fica, isso mesmo caro colega, o vinho tem prazo de validade! Logo percebi que as garrafas que tenho em minha casa devem ser consumidas com urgência.

E aí? Partiu tomar um vinho?









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