domingo, 19 de julho de 2015

Bicicleteando


Ano passado eu costumava ir para a escola todos os dias a pé.

Eram em torno de trinta minutos caminhando passos ligeiros, com chuva ou sol.

E algo que eu me arrependi muito de não ter feito em 2014 foi de não ter comprado uma bicicleta.

Eu tinha receio.

Primeiro motivo: é comum o roubo de bicicletas por aqui, todo mundo conhece alguém que já ficou sem sua magrela.

E eu sempre pensava a quão frustrada eu ficaria de ter a minha roubada.

Segundo, como andar de bicicletas por essas ruas de mão inglesa?

E se eu meu cérebro se teletransportar mentalmente para o Brasil e eu acabar indo para o lado errado da rua?

E se estiver vindo um ônibus ou um caminhão gigante? Ele vai ter que ficar me esperando, eu a madame de bicicleta lagarteando lentamente na frente dele.]

E se estiver chovendo? E se ventar de mais? E se o pneu da bicicleta entrar no trilho do Luas e eu cair? E se eu quiser sair de vestido?

Em fim, o “e se” reinou na minha cabeça e não comprei a bike ano passado.

Esse ano (tcharannn) eu continuo sem ter a minha bike pessoal.

Porém eu fiz o cartão do Dublin bikes, que são estações de bicicletas publicas espalhadas pela cidade. 

                                

Eu paguei 20 euros pelo cartão que é cobrado anualmente, ou seja, só pagarei novamente ano que vem.

Aqui ao lado do meu apartamento existe uma estação de Dublin bikes, então eu passo meu cartão pela maquina, digito minha senha, escolho uma das bicicletas que estão à disposição e tenho exatamente 30 minutos para pedalar com ela pela cidade até devolvê-la em alguma outra estação.

Daqui de casa até a escola em média eu levo 20 minutos. Quando não tem nenhuma bike aqui ao lado do prédio, eu pego na esquina da minha rua, quando também não tem lá, eu pego no caminho do hospital. E quando está um dia lindo de sol que todos resolvem usar o Dublin bikes e também não há nenhuma disponível no hospital, eu desço até a estação do Luas Heuston e lá eu consigo alguma bike. Se até lá não tiver bike, aí vou de Luas, se eu tiver dinheiro na carteira, claro.

Caso não haja moedas na bolsa, o jeito é ir caminhando para a aula.

Enfim, descobri que andar de bicicleta no meio do transito, desviar de ônibus, passar os semáforos abertos em quanto a fila de carros ao lado não passou, pois está congestionado, ter um ônibus atrás botando pressão em plena subida é muito divertido.

Sem falar que maximiza muito o meu tempo.

Enquanto a pé eu levaria em torno de 50 minutos, de luas (espécie de trem elétrico) são 30 minutos e tenho que pagar 2,20 euros, de bike saindo aqui do lado de casa até a estação próxima da escola com a sorte de pegar os semáforos abertos gasto 15 minutos.

Já peguei a manha do caminho, já sei o melhor horário, perdi o medo, vou de vestido, quando venta muito o vento quase derruba a bicicleta, as coxas ardem, é um ótimo exercício, se está frio esquenta por estar pedalando, se está quente o vento constante ajuda a refrescar, a bicicleta é confortável, um pouco pesada, mas de fácil manuseio, e só basta ajeitar o banco na altura do seu quadril e sair pedalando feliz.

Às vezes coloco um pagode pra tocar no Ipod e vou sambando de bike para a escola.

Na volta da aula talvez leve um pouco mais de tempo, pois é subida e horário de rush, mas também vale a pena.


Quando resolvo fazer mercado após a aula, coloco as compras na cesta acoplada em frente da bike e retorno feliz, pedalando, me exercitando e me aventurando em meio dos carros para casa.










sexta-feira, 3 de julho de 2015

Holi festival x Babysit

Eu andava com uma vontade fora do comum de fazer coisas que jamais havia feito antes. 

Então fiz uma bucket list imaginária e sai me divertir com a vida.

Um dos itens inclusos em minha lista de desejos era ir a algum festival de música esse ano aqui na Irlanda. Então um belo dia, eu avistei uma promoção de ingressos no Facebook para o Holi Festival, que é aquele famoso festival das cores, e por impulso e com cartão de débito em mãos comprei dois ingressos, um pra mim e outro para minha colega de quarto.

Alguns dias depois eu recebi uma mensagem da minha antiga chefe, que ainda estava grávida na época, perguntando se no dia 27 de junho eu gostaria de ir para Drogheda cuidar das crianças e do neném recém nascido, pois seria aniversário de 40 anos do Ronan, e teria uma super festa para ele.

Na hora que eu vi a mensagem, fiquei imensamente feliz por eles terem se lembrado de mim para ficar com as crianças, e porque eu sinto muita falta dos meus pequenos sapecas.

Então logo fiquei pulando de alegria e copartilhei a noticia com minha flatmate. Em seguida ela me olhou e perguntou se não era dia 27 o dia do festival das cores.

Meu sorriso na hora murchou e logo corri verificar a data do festival, que se confirmou para o dia 27.

A vida é feita de escolhas o tempo todo, mas eu andava em uma maré de calmaria, sem muitas decisões a serem tomadas, e logo recorri a melhor conselheira do universo.

Mamãe.

Como de costume, conversamos todos os dias de manhã pelo skype.

Eu com um bico gigante na cara, contei o grande dilema do dia para minha mãe que simplesmente falou assim:

 - Filha, você já tomou a decisão. Você sabe disso. Haverá outros festivais de música para você ir.

E dessa maneira voltei a sorrir feliz e levemente.

Avisei meus amigos que eu não iria mais ao festival, e coloquei a venda o ingresso.

E foi uma boa escolha.


No final das contas, me diverti com as crianças em Drogheda, aprendi a cuidar de um neném de apenas um mês de vida, ganhei uma graninha e o Holi festival de Dublin em Junho foi cancelado.