Sempre passa pelos meus pensamentos em que área ou com o que realmente eu
gostaria de trabalhar aqui na Irlanda. Mas com muito mais frequência eu penso
em o que devo fazer profissionalmente no Brasil depois que eu voltar. Sim eu penso em voltar uma hora dessas.
Resolvi então fazer um curso de barista, que é a pessoa que
prepara o café nas cafeterias mundo a fora.
Inscrevi-me em um curso rápido e simples que durou menos de
cinco horas, oferecido por uma brasileira que é barista aqui em Dublin há quatro
anos.
Foi um curso de baixo custo onde eu pude ter meu primeiro
contato com o café profissional.
Pra começo de conversa eu não tomo café.
Achei que esse seria um grande empecilho para a realização
do curso e uma possível barreira profissional caso eu resolva seguir nessa
área. Mas eu fiz meu primeiro café, o American coffee. E claro eu resolvi
experimentar o meu feito até a última gota.
Na verdade a vida toda eu bebi café, mas aquele café Melitta
ou o Caboclo passado.
Eram duas colheres de sopa de pó de café para um litro e meio de
água quente. E ainda depois já na xícara, misturava com leite frio e molhava
o pão francês ou aquele pão bisnaguinha de manteiga.
Um belo dia, estava eu na correria trabalhando em uma
produtora de vídeo, tomando aquele café preto pequeno de copinho de plástico,
extremamente forte e doce para matar a fome e o sono, quando, meu estomago e
minha cabeça começaram a doer.
Depois daquele dia nunca mais consegui tomar uma fraca xícara de
café com leite ou até mesmo entrar em uma Starbucks ou outra cafeteria com cheiro
forte de café sem sentir incômodo ou enjoo.
Mas dessa vez, depois de cinco anos sem café, deu tudo
certo, ou quase tudo.
Antes de sair de casa eu comi bem para não sentir fome e
também forrar o estomago, preparando-o para não sofrer de azia ou desconfortos.
A princípio deu certo. O cheiro de café do local não me enjoou
e nem a primeira xícara que tomei.
Primeiramente a professora explicou como se armazenam os grãos,
o procedimento para moer e coloca-los no recipiente adequado, o funcionamento da máquina,
os nomes dos utensílios e equipamentos. Em fim, a parte teórica da coisa.
Depois fomos para a prática.
Fui a primeira a testar a habilidade.
Começamos com o café mais simples, que é o café americano. Nele usamos dois shots de café para 30% de água.
Fiz todo o procedimento tranquilamente com o auxilio da
professora e após encher a xícara resolvi experimenta-lo. Primeiro puro para
sentir realmente o gosto e depois acrescentei açúcar, por que realmente é forte
o negócio.
Bebi a xícara inteira.
Todos os meus colegas de aula fizeram seus primeiros cafés,
e logo chegou a vez da explicação teórica e prática do segundo.
Isso levou em torno de trinta minutos.
De repente eu comecei a me sentir
estranha, tontura, como se estivesse com pressão baixa, mas eu havia me alimentado bem
aquele dia, inclusive antes de ir para a aula.
Comecei a andar de um lado para o outro e ficar nervosa,
ansiosa para algo.
Chegou a minha vez de praticar o segundo café, fui para a
máquina, fiz os procedimentos, mas eu estava tremula. Minhas mãos não paravam
de chacoalhar.
Comecei a achar muito estranho, ai o meu colega disse que eu estava assim por causa do café que havia bebido.
Aí então tudo começou a fazer sentido! Realmente eu estava sobre os efeitos da cafeína.
Eu só sei que passei aquela noite inteira agitada,
acelerada, acordada, ligada “no duzentos e vinte”.
Foi uma sensação um tanto nova para mim, e depois dessa experiência,
aprendi o porquê muita gente é viciada em café.
E sobre o restante do curso de barista eu descobri que fazer
café é fantástico.
Eu realmente adorei. Quero assim que possível fazer mais
cursos de barista e estudar café.
P.s. e também quero apreciar com moderação.
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